“Mas compreendi logo que me tinha feito a pergunta, não como investigador da natureza e físico, mas como amigo da humanidade, respondendo ao convite da Sociedade das Nações (…)
Começa com a relação entre direito e poder (…).
Os conflitos de interesses entre os homens são, em princípio, solucionados mediante o recurso à força. Assim acontece em todo o reino animal, do qual o homem não se deveria excluir; mas, no caso deste, acrescentam-se ainda conflitos de opiniões que atingem as maiores alturas da abstração e parecem exigir uma outra técnica para a sua solução. Mas isto é só uma complicação relativamente recente. Inicialmente, na pequena horda humana, a maior força muscular era a que decidia a quem deveria pertencer alguma coisa, ou a vontade que se deveria levar a cabo. A força muscular cedo é reforçada e substituída pelo uso de instrumentos; vence quem possui as melhores armas ou as emprega com maior habilidade. Com a introdução das armas, a superioridade intelectual começa já a ocupar o lugar da força muscular bruta, mas o objetivo final da luta persiste o mesmo: pelo dano que se lhe inflige ou pela aniquilação das suas forças, uma das partes em litígio é obrigada a abandonar as suas pretensões ou a sua posição.”
FREUD, Sigmund. Porquê a Guerra? – Reflexões sobre o destino do mundo, Ed. Edições 70, 2019, pág.63-64.
Reflexões a dois sobre o destino do mundo (1932)
“Carta de Freud a Einstein”