“Chegamos, então, ao sistema simbólico inverso os quatro emblemas se tornam símbolos de virtudes. A espada representa a justiça, o bastão, a força (duas virtudes cardeais), a copa, a fé e o denário, a caridade (duas virtudes teologais).
Em 1551, um homem chamado Innocenzo Ringhieri, por sua vez, estabeleceu em coletânea de jogos uma correspondência entre as insignias das cartas e as virtudes carte ais copa/temperança, bastão/força, espada/justiça, denário/prudência. (…) ”
Quando ampliamos a interpretação, vemos, por sugestão de Claude François Ménestrier em 1704, uma representação dos quatro corpos da sociedade ocidental, com a ideia de que jogo de cartas seria um estado pacífico, composto por reis, rainhas, vassalos e quatro corpos. Os eclesiásticos seriam representados pelos corações (carurs) em forma de rébus, pois os eclesiásticos são homens do coro (gens de chœur) […]; a nobreza militar, pelas lanças, que são as armas dos oficiais […]; os burgueses, pelos losangos, que são os ladrilhos das casas que habitam; e as pessoas do campo, pelos trevos.
Os quatro elementos, as quatro estações, os quatro pontos cardeais… Desde Court de Gebelin, não há autor que não tenha associado os quatro naipes do tarô aos quatro elementos. (…) “[…] losangos, trevos, corações e lanças, que representam os quatro elementos dos quais todas as coisas naturais são compostas […] Os losangos significam a Terra, pois, assim como a terra sustenta todas as coisas pesadas, os losangos também são apropriados para que se coloquem coisas pesadas sobre eles. Os trevos representam a Água, pois se trata de uma erva que cresce em local úmido e se nutre da água que o irriga. Os corações significam o Ar, pois sem ele não podem viver. As lanças representam o Fogo, pois assim como o fogo é o mais penetrante dos quatro elementos, as lanças são instrumentos de guerra muito penetrantes”.”
História do Tarô. Um estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 52.