“A arte da escuta se realiza como uma arte da respiração. O registro hospitaleiro do outro é um inspirar que, todavia, não incorpora o outro, mas sim o acolhe e o protege. O escutador se esvazia. Ele se torna ninguém.
A postura responsável do escutador frente ao outro se expressa como paciência. A passividade da paciência é a primeira máxima do escutar. O escutador se expõe sem reservas ao outro.
O estar-exposto [Ausgesetzheit] é uma outra máxima da ética do escutar. Apenas ela impede que se curta a si mesmo. O ego não consegue escutar. O espaço do escutar como espaço de ressonância do outro se abre onde o ego é suspenso. No lugar do ego narcisista entra uma obsessão pelo outro, um desejo pelo outro.
“Deixe todos falarem: você não fala; suas palavras tomam das pessoas a sua figura. A sua admiração apaga suas fronteiras; elas não se conhecem mais, se você fala; elas são você”
HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 1205-1218.
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