A Paixão de Mel Gibson

“Quando os pregos perfuraram Suas mãos e pés, Ele sofreu uma das dores mais terríveis que um homem pode conhecer, em virtude de ferimentos nos nervos medianos das mãos e nos nervos plantares de ambos os pés, chamada causalgia. Essa dor é tão brutal que, a não ser que algo seja feito imediatamente, a vítima entra em profundo estado de choque. Tal dor pode ser comparada a uma descarga de raio atravessando os braços e as pernas.

(…)

No final, existem oito pontos principais nos quais o filme falha em mostrar com exatidão como foi a Crucificação de Jesus. Em primeiro lugar, omite o terrível sofrimento mental de Jesus no Jardim do Getsêmani, que já O teria deixado debilitado. Segundo, a lancinante dor no rosto casa pela neuralgia do trigêmeo decorrente dos efeitos da coroação também foi totalmente negligenciada. Além disso, o severo espancamento (32 vezes) com bastões seguido por quase dez minutos de brutal açoitamento (frente e costas), com um flagrum contendo afiados scorpiones executado por soldados corpulentos e bem-dispostos) já teria causado a Sua morte depois de vários golpes. E, mesmo que por um milagre Jesus tivesse sobrevivido a isso, Ele teria experimentado extrema dificuldade para respirar, sufocando a cada tentativa de inspirar e ofegando. Além disso, uma pessoa nessas condições não poderia ter carregado uma cruz que pesava entre 80 e 90 quilos. Também totalmente ausente está o efeito da fixação dos pregos nos pés e nas mãos. Isso teria provocado uma condição médica chamada causalgia, uma das mais terríveis dores que pode sofrer o ser humano, levando a vítima a gritar, em extrema agonia. O suppedaneum (descanso para os pés) mostrado no filme é uma invenção de artistas do século passado, e não cabe em uma representação realística da Crucificação. Ao contrário do que é visto no filme, o fenómeno “sangue e água” não acontece como se o material fosse espirrado, mas escorre suavemente da ferida quando a lança é retirada, pois a efusão pleural que circunda os pulmões diminui em razão do colapso do órgão. Finalmente, a grande quantidade de sangue que Maria Madalena e a mãe de Jesus limparam do chão é inconsistente com os ferimentos causados.”

ZUGIBE, M.D, Ph.D. Frederick T.  A Crucificação de Jesus: As Conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal. São Paulo: MATRIX, 2008, pág. 85-87.