São Francisco de Assis

“Todavia, se a Inquisição preocupou longamente as autoridades da Igreja, antes da sua fundação, o negro projeto preocupava igualmente o Espaço, onde se aprestaram providências e medidas de renovação educativa. Por isso, um dos maiores apóstolos de Jesus desceu à carne com o nome de Francisco de Assis. Seu grande e luminoso espírito resplandeceu próximo de Roma, nas regiões da Úmbria desolada. Sua atividade reformista verificou-se sem os atritos próprios da palavra, porque o seu sacerdócio foi o exemplo na pobreza e na mais absoluta
humildade. A Igreja, todavia, não entendeu que a lição lhe dizia respeito e, ainda uma vez, não aceitou as dádivas de Jesus.”

Xavier, Francisco Cândido / Emmanuel. A Caminho da Luz. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 2016, p. 147.

Elo Entre Ocidente e o Oriente

Ainda assim, o valor global desses registros é inestimável numa pesquisa sobre o Jesus histórico. Há dois modos de conhecer um avatar. Primeiro, vislumbrando sua essência que brilha através de uma miscelânea de fatos, lendas, distorções inocentes ou propositais; e, por um exame cuidadoso, distinguindo o que é significativo e o que é irrelevante, assim como uma pessoa é reconhecida pelo que ela é, e não por seu vestuário. E, segundo, conhecendo diretamente um mestre por meio da comunhão divina intuitiva com essa alma – assim como muitos conheceram Jesus Cristo ao longo dos séculos, tal como São Francisco de Assis, a quem Jesus aparecia todas as noites em carne e osso, Santa Teresa d’Ávila e muitos outros da religião cristã; e tal como Sri Ramakrishna, um hindu, e também eu, estivemos muitas vezes na presença tangível de Jesus. Jamais teria eu assumido a tarefa de escrever este livro sem a certeza do conhecimento pessoal desse Cristo.

(…) seus ensinamentos, interiormente oriundos de sua realização divina e exteriormente nutridos por seus estudos com os mestres, expressam a universalidade da Consciência Crística que não conhece fronteiras de raça ou credo.

Tal como o sol, que nasce no Oriente e viaja para o Ocidente difundindo seus raios, também Cristo surgiu no Oriente e veio ao Ocidente para ser consagrado em uma vasta cristandade (…) Palestina (…) Esse local era o eixo ligando o Oriente com a Europa.

(…) Esse grande Cristo, irradiando a força e o poder espiritual do Oriente ao Ocidente, é um elo divino a unir os povos que amam a Deus – orientais e ocidentais.

(…) Os puros raios prateados e dourados da luz solar parecem vermelhos ou azuis quando observados através de vidros vermelhos ou azuis. Assim, também, a verdade apenas parece ser diferente quando colorida por uma civilização oriental ou ocidental.

(…)

Jesus foi um oriental – de nascimento, família e educação. Separar um mestre do contexto de sua nacionalidade significa nublar o entendimento por meio do qual ele é percebido.  

(…) Elaine Pagels, Ph.D – The Gnostic Gospel”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 99-101.

Capítulo 5: Os anos desconhecidos da vida de Jesus – estadia na Índia.

A Simplicidade dos Ensinamentos

“(…) empolga-nos reconhecer que a mesma doutrina, cujas bases Jesus assentou na rudeza e simplicidade de um Pedro, na sublimação de Madalena e na sinceridade do publicano Mateus, mais tarde, gerou um Agostinho, discípulo apaixonado de Platão e cuja eloquência, ao expor a Teologia Cristã, abalou Roma e Cartago; ou ainda, o maior filósofo da Igreja, como é Tomás de Aquino, um dos maiores gênios da Idade Média na propaganda do Catolicismo. Mas prevendo também o perigo do intelecto desgarrar-se em demasia e depois formalizar o Evangelho acima do coração humano, aristocratizando em excesso o clero responsável pela ideia cristã, o Alto recorre então ao mesmo espírito que fora o apóstolo João e o faz renascer, na Terra, para viver a figura admirável de pobreza e renúncia de Francisco de Assis. Assim, o calor cordial do sentimento purificado e a abdicação aos bens transitórios do mundo, vívidos pelo frade Francisco de Assis, reativaram novamente a força coesiva e poderosa que cimentou as bases do Cristianismo nas atividades singelas de pescadores, camponeses, publicanos e gente de mau viver. Na comunidade da própria Igreja Católica, transformada em museu de granito e mármore, cultuando as quinquilharias de ouro e prata entre a púrpura e o veludo dos sacerdotes, o Alto situou Francisco de Assis, convidando todos os eclesiásticos à volta do Cristo-Jesus da simplicidade, da renúncia e do amor.”

RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 183.