Inatividade não é uma fraqueza

“Somos feitos da matéria dos sonhos; e nossa curta vida é envolta pelo sono.” William Shakespeare

“Cada vez mais nos assemelhamos àquelas pessoas ativas que “rolam tal como pedra, conforme a estupidez da mecânica”. Dado que percebemos a vida apenas em termos de trabalho e desempenho, compreendemos a inatividade como um déficit que deve ser corrigido o mais rápido possível. A existência humana está totalmente absorvida pela atividade. Por isso, é possível explorá-la. Perdemos o sentido da inatividade, a qual não representa uma incapacidade, uma recusa, uma simples ausência de atividade, mas uma capacidade em seu próprio direito. A inatividade tem sua própria lógica, sua própria linguagem, sua própria temporalidade, sua própria arquitetura, seu próprio esplendor, sua própria magia. Ela não é uma fraqueza, uma falta, mas uma intensidade que, todavia, não é nem percebida nem reconhecida na nossa sociedade da atividade e do desempenho.”

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 45.

Considerações sobre a inatividade