“Podemos ver, então, dois padrões bem diferentes de atitude sexual emergindo nos circulos ortodoxos e gnósticos. De modo mais simples, muitos cristãos gnósticos correlacionam sua descrição de Deus em termos tanto masculinos quanto femininos, com a descrição complementar da natureza humana. Com frequência, referem-se à narrativa da criação no Gênesis 1, que sugere uma criação humana igual ou andrógina. Os cristãos gnósticos quase sempre as sumem os princípios de igualdade entre homens e mulheres nas estruturas sociais e políticas de suas comunidades. O padrão ortodoxo é bastante diferente: descreve Deus em ter mos exclusivamente masculinos e refere-se de forma característica ao Gênesis 2 para descrever como Eva foi criada a partir de Adão, para satisfazê-lo. Como na concepção gnóstica isso se traduz em prática social: no fim do século II, a comunidade ortodoxa passou a aceitar a dominação dos homens sobre as mulheres como ordem de prescrição divina, não apenas para a vida social e familiar, mas também nas igrejas cristas.”
PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 74.
Capítulo: 3- Deus Pai / Deus Mãe.