Dominação dos Homens

“Podemos ver, então, dois padrões bem diferentes de atitude sexual emergindo nos circulos ortodoxos e gnósticos. De modo mais simples, muitos cristãos gnósticos correlacionam sua descrição de Deus em termos tanto masculinos quanto femininos, com a descrição complementar da natureza humana. Com frequência, referem-se à narrativa da criação no Gênesis 1, que sugere uma criação humana igual ou andrógina. Os cristãos gnósticos quase sempre as sumem os princípios de igualdade entre homens e mulheres nas estruturas sociais e políticas de suas comunidades. O padrão ortodoxo é bastante diferente: descreve Deus em ter mos exclusivamente masculinos e refere-se de forma característica ao Gênesis 2 para descrever como Eva foi criada a partir de Adão, para satisfazê-lo. Como na concepção gnóstica isso se traduz em prática social: no fim do século II, a comunidade ortodoxa passou a aceitar a dominação dos homens sobre as mulheres como ordem de prescrição divina, não apenas para a vida social e familiar, mas também nas igrejas cristas.”

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 74.

Capítulo: 3- Deus Pai / Deus Mãe.

Mãe Divina

A vós, Pai, e por meio dele, a vós, Mãe, os dois nomes imortais, Pais do ser divino, habitantes do céu, da humanidade, de nome poderoso…” Outros textos indicam que seus autores se perguntaram a quem um Deus, único, masculino, havia proposto: “Façamos o homem [Adão] à nossa imagem, como nossa semelhança” (Gênesis 1:26). Como a narrativa do Gênesis prossegue dizendo que a humanidade foi criada “homem e mulher” (1:27), concluíram que Deus, de cuja imagem fomos feitos, também deve ter sido ambos – masculino e feminino, Pai e Mãe.

(…) a Mãe divina? (…) Em primeiro lugar, vários grupos gnósticos descrevem a Mãe divina como parte de um casal original. Valentino, professor e poeta, apresenta de início a premissa de que Deus é, na essência, indescritível. Contudo, sugere que o divino possa ser imaginado como díade; e consiste, de um lado, no Inefável, no Profundo, no Pai primordial; e, de outro, na Graça, no Silêncio, no Ventre e na “Mãe de Todos”. Valentino especula que o Silêncio é o complemento apropriado do Pai, designando o primeiro como feminino e o último como masculino, devido ao gênero gramatical das palavras gregas. Prossegue a descrição de como o Silêncio recebe, como em um ventre, a semente da fonte Inefável; e cria todas as emanações do ser divino, alinhadas em pares harmônicos de energias masculinas e femininas.

Além do Silêncio místico e eterno e do Espírito Santo, certos gnósticos sugerem uma terceira caracterização da Mãe divina: a Sabedoria. Aqui, a palavra grega feminina para “sabedoria”.

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 55-59.

Capítulo: 3- Deus Pai / Deus Mãe.

Firme Como uma Pedra

“Em Simão Pedro, Jesus discerniu uma força divina sobre a qual estabeleceria as primeiras fundações de seus ensinamentos, e predisse que a vida espiritual de Simão seria tão firme como uma pedra (hebraico: cephas; grego: Petros [Pedro], “uma rocha”)* (…)

(…)

Nota: Para os judeus da Palestina, este sinal especial de conferir a alguém um novo nome – tal como, no Gênesis, Deus modificou o nome de Abrão para Abraão e de Jacó para Israel – indicava que a pessoa havia sido escolhida para uma missão divina. Uma vez mais, Jesus reporta-se à tradição do Antigo Testamento ao inaugurar seu movimento revolucionário de renovação espiritual.” – Do livro Jesus and His Times, editor Kaari Ward (Pleasantville, Nova York: Reader’s Digest Association, 1987). (Nota da Editora)

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 212.

Capítulo 9: Jesus encontra seus primeiros discípulos.

O Gênesis é Profundamente Simbólico

“O Gênesis é profundamente simbólico e não pode ser assimilado por meio de uma interpretação literal” – explicou ele. “A árvore da vida’ é o corpo humano; a coluna vertebral assemelha-se a uma árvore invertida, tendo como raízes os cabelos do homem, e como galhos, os nervos aferentes e eferentes. A árvore do sistema nervoso produz muitos frutos apetitosos: as sensações da visão, da audição, do olfato, do paladar e do tato. A estes o homem tem permissão de desfrutar; mas lhe foi proibida a experiência do sexo, a ‘maçã’ no centro do corpo (‘no meio do jardim’).

“A ‘serpente” representa a energia enrolada na base da espinha dorsal, que estimula os nervos sexuais. ‘Adão’ é a razão, ‘Eva’ é o sentimento. Quando o impulso sexual suplanta a emoção ou a ‘consciência de Eva’ em qualquer ser humano, sua razão ou Adão também sucumbe.

“Deus criou a espécie humana materializando o corpo do homem e da mulher pela força de Sua vontade; Ele dotou a nova espécie com o poder de criar filhos de idêntica maneira divina ou “imaculada”.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 159-160.

Capítulo 7: O papel de Sată na criação de Deus.

Os Símbolos da Criação do Genesis

“O espírito gerador do mundo do pai torna-se um múltiplo da experiência terrena por intermédio de um meio transportador – a mãe do mundo. Trata-se de uma personificação do elemento primal mencionado no segundo versículo do Gênesis, onde lemos que ” o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas“. No mito hindu, trata-se da figura feminina por meio da qual o Eu gerou todas as criaturas. Entendida de modo mais abstrato, a mãe do universo é a estrutura que fixa os limites do mundo: “espaço, tempo e causalidade”– a casca do ovo cósmico.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 291.

O Mito da Criação do Genesis

“Ele representa uma das formas básicas de simbolização do mistério da criação: a transmissão da eternidade ao tempo, a transformação  do um no dois e depois no muitos, assim como a geração da nova vida por meio da recombinação do dois”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 147.