Entre fé e ciência há um abismo

“Os melhores tratados sobre ciências ocultas nos dizem que, além da natureza humana, no éter, ou na região da luz astral, existem os espíritos dos mortos, os corpos astrais dos médiuns e iniciados, os espíritos elementais, as concepções humanas, os lêmures, as larvas e todas as criações pecaminosas e incompletas, como tratei na introdução. Mas de acordo com o primeiro preceito da preparação de que falamos antes, devemos pensar e raciocinar por nós mesmos. O iniciador nos diz: “Não acredite”. Entre fé e ciência há um abismo. O iniciador não diz: “Acredite”; ele diz:”Experimente”.

Mas a sabedoria sagrada, que os antigos manifestavam em suas exposições esotéricas, tinha três lados:

a) um lado comum, que era usado para o profano;

b) um lado simbólico, que era filosófico;

c) um lado arcano, que era sagrado e reservado para aqueles que tinham o direito de entrar no templo.

Seu primeiro objetivo em sua aproximação ao domínio oculto da natureza espiritual é tentar conhecer o espírito, demônio ou gênio que representa o degrau imediatamente acima de sua natureza, como ho mem mais ou menos perfeito. O anjo cristão é um espírito de absoluta pureza e um mensageiro de Deus – o demônio, por outro lado, pode variar em sua tendência e purificação.

Vou usar o termo gênio para escapar de restrições e definições. Assim que conhecer seu próprio gênio, será capaz de definir o primeiro deles… e quando tiver conhecido muitos, será capaz de ter um conceito aproximado, mas ainda imperfeito, da escada dourada que começa no menos puro e termina com o mais perfeito.

O que você deve fazer para conhecer seu próprio gênio?

Os antigos ensinavam que, para conhecê-lo, era necessário propiciá-lo pela prática da justiça e pela inocência de nossos hábitos; ele então nos ajudará com sua premonição das coisas que não sabemos, dará um conselho em nossos momentos de indecisão, virá em nosso auxilio quando estivermos em perigo e não nos privará de sua assistência na adversidade. Entrando às vezes em nossos sonhos, por meio de sinais visíveis, ou em outras oportunidades aparecendo diante de nós; é assim que nos ajudará a evitar os males. Vai derramar o bem sobre nós, vai nos levantar quando cairmos, nos sustentar quando estivermos em dúvida, clarear a escuridão de nossa pesquisa, conservar nossa boa sorte, afastando o azar.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.74-75.

Segunda Parte

Preparação

Gênio da inatividade

“(…)como já me ouvistes muitas vezes declarar por toda a parte, a encontrareis em algo divino e demoníaco que se dá comigo […]. Isso começou desde o meu tempo de menino, uma espécie de voz que só se manifesta para dissuadir-me do que eu esteja com intenção de praticar, nunca para levar-me a fazer alguma coisa. Isso é que se opõe a que me ocupe com política.”

A voz misteriosa do daimon diz: Pare! Ela impede Sócrates de agir. Ela é, claramente, um gênio da inatividade.

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 1353.

O Pathos da ação

Conhecimento Superior

Um decisivo acréscimo a essa cena do templo, nos apócrifos Evangelhos da Infância, deveria ser considerado; seu relato pelos primeiros cristãos foi sem dúvida uma tentativa de expressar a admiração e reverência que eles sentiam diante do fato de ser Jesus dotado não só de sabedoria celestial, mas também de profundo conhecimento do que era pertinente a este mundo.

“Certo rabino superior perguntou-lhe: ‘Tu leste livros?’ Jesus respondeu que havia lido tanto os livros quanto o que vinha neles contido. E então lhes explicou os livros da lei, os preceitos, os estatutos e os mistérios que estão contidos nos livros dos profetas; coisas que a mente de nenhuma criatura poderia alcançar.(…)

“Quando certo astrônomo que estava presente perguntou ao Senhor Jesus se ele havia estudado astronomia, o Senhor Jesus respondeu, e lhe citou o número das esferas e corpos celestes, como também o seu aspecto triangular, quadrado e sextil; seu movimento progressivo e retrógrado; seu tamanho, e vários prognósticos; e outras coisas que a razão do homem jamais havia descoberto.
“Também havia entre eles um filósofo qualificado em física e filosofia natural, que perguntou ao Senhor Jesus se ele havia estudado física.”

(…)

“Ele respondeu, e explicou-lhe a física e a metafísica, e também as coisas que estão acima e abaixo do poder da natureza; e também os poderes do corpo, seus humores com seus efeitos; também o número de seus membros, ossos, veias, artérias e nervos; as várias constituições do corpo, quente e seco, frio e úmido, e as suas tendências; como a alma opera o corpo; o que eram suas várias sensações e faculdades; a faculdade da fala, da ira e do desejo; e, por fim, o modo de sua composição e dissolução; e outras coisas que a compreensão de nenhuma criatura jamais havia alcançado.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 85.

Capítulo 4: A infância e a juventude de Jesus.

Gênios Espirituais

“Sabemos da existência de gênios mentais cujo cérebro absorve conhecimento a uma velocidade espantosa. Eles são dotados de uma erudição e habilidades de aprendizado trazidas de vidas passadas, que os predispõem a um desenvolvimento supereficiente do cérebro. Gênios espirituais, além disso, têm a habilidade superconsciente de acessar a biblioteca de sabedoria da realização
espiritual – a faculdade intuitiva onisciente da alma que manifesta sua unidade com a infinita Inteligência Divina.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 84.

Capítulo 4: A infância e a juventude de Jesus.

A Suficiência da Força Espiritual de Jesus

“Se bastasse somente a força espiritual de Jesus para afastar todas as dificuldades naturais do mundo físico, é evidente que ele também não precisaria encarnar-se na Terra para esclarecer “pessoalmente” o homem, pois isso poderia ser feito do próprio mundo invisível e só em Espirito. Para servir à humanidade encarnada Jesus necessitou mobilizar os mesmos recursos dos demais homens e honestamente enfrentar as mesmas dificuldades. Embora se compreenda que o génio já existe na intimidade do pintor excelso ou do compositor incomum, o certo é que o primeiro de pincéis e tintas e o segundo, de instrumentação musical para, então, darem forma concreta às suas criações mentais.

Jesus também era um gênio, um sábio e um anjo em espirito, mas precisou exilar-se na matéria para entregar pessoalmente a sua mensagem de salvação do homem. Em consequência, serviu-se de instrumentação carnal apropriada e enfrentou os óbices naturais do mundo físico para realizar sua tarefa de esclarecimento espiritual.”

RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 185.

O “Consolador” Prometido

“Assembleias espirituais, reunindo os gênios inspiradores de todas as pátrias do orbe, eram levadas a efeito, nas luzes do infinito, para a designação de missionários das novas revelações.” (…)

Xavier, Francisco Cândido / Humberto de Campos. Brasil: Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1938, p. 124.

Criatividade

“A introversão voluntária, na realidade, é uma das marcas clássicas do gênio criador e pode ser empregada deliberadamente. Ela impulsiona as energias psíquicas para as camadas profundas e ativa o continente perdido das imagens inconscientes infantis e arquetípicas. O resultado, com efeito, pode ser uma desintegração mais ou menos completa da consciência (neurose, psicose (…)); mas por outro lado, se a personalidade for capaz de absorver e integrar as novas forças, experimentará um grau quase sobre-humano de autoconsciência e de autocontrole superiores”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 70-71.