Gratuidade Fraterna

Diário Espiritual, 22 de novembro de 2021.

Sonhei que era perseguido e cercado por bandidos numa zona de guerra cuja atmosfera lembrava os países em conflito no Oriente Médio. Eu precisei matar para me defender. Ao fugir, roubei uma Honda HRV branca. Saía do vilarejo e em poucos minutos estava numa auto estrada cuja paisagem era de pinheiros. Mais a frente, percebo as inconsequências da fuga e dos meus atos e me entrego numa prisão. A agonia toma conta do meu coração, diante de um horizonte onde poderia estar privado da presença do meu filho e da Juliana. Doía muito, ao mesmo tempo que me organizava e tentava me arranjar no novo ambiente. Estava na fila para obter o cartão com os créditos através dos quais subsistiria na prisão quando minha amiga Elaine Pinheiro intervém e me retira daquele lugar dizendo: “Fica tranquilo que temos experiência com esses casos. Daremos um jeito. Uma pessoa como você não pode ficar detido aqui”.

Acordei 5:30am e fui correr com esses pensamentos e sentimentos. Fui tomado pelo sentir e pelo choro tão peculiares à reminiscências iniciáticas colhidas em processo onírico. Louvei e agradeci ao TODO e a Jesus, meu mestre, que a todos os caminhos conhece. “Se me assento ou me levanto, antes que hajam em mim palavras, Ele conhece meus pensamentos”. O Senhor sabe tudo de mim. Agradeci por poder viver a necessidade, por experimentar e precisar da fraternidade de tantas pessoas que ao longo da minha vida me resgataram das autodefesas dos meus complexos e me libertaram das prisões de mim mesmo, todas consequências dos meus atos. Como é bom precisar. Como é bom pisar este lugar vulnerável onde somos socorridos pelo amor. Não é possível experimentar profundamente o amor sem experimentar a vulnerabilidade e a gratuidade. No Trono de Graça se assenta aquEle cujo amor não temos ideia de cálculo ou retribuição. Um amor que não se cansa de amar e contribuir sem esperar retribuição direta. Ele provoca a gratuidade que pode reverberar em nossa sociedade, através de nós. A Fraternidade é o amor que não espera nada em troca senão o prazer por contribuir pelo enriquecimento da vida de todas as pessoas ao nosso redor. Eis a verdadeira revolução!

“Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus”
(Lc 6, 20)