História da adivinhação

“(…) retornemos à nossa história da adivinhação, seguindo-a no tempo. Estamos na Idade Média. Nessa época, a concepção da adivinhação sofre uma mudança. Na Antiguidade, ela se manifestava oficialmente nos templos, como vimos nos casos do Egito e da Grécia. Era considerada uma prática válida como qualquer outra e objeto de especulações filosóficas. No Ocidente cristão, não se fala exatamente em adivinhação; considera-se, antes, um conjunto de “artes”, de práticas semelhantes à da magia. Essa confusão vem de Isidoro de Sevilha (cerca de 560-636), mestre do pensamento para toda a Idade Média. Em um capítulo consagrado aos magos, ele cita diferentes técnicas de adivinhação originárias da Antiguidade e desse modo, cria essa confusão: são os magos que praticam essas técnicas divinatórias…. Em seguida, ele distingue dois tipos de adivinhação: ars e furor, uma distinção entre a adivinhação “natural”, que é uma revelação dispensada pelos deuses aos homens em um estado de “fúria” (de transe, por exemplo) ou em sonhos, e a adivinhação “artificial”, que reúne os símbolos e os interpreta. Ao que parece, a adivinhação não era muito praticada durante a Alta Idade Média, e mesmo a astrologia era pouco difundida. Foi preciso esperar os séculos XII e XIII para ver o surgimento de verdadeiros tratados sobre técnicas divinatórias, sendo os mais antigos traduções do árabe para o latim. Quais são eles?

Inicialmente, temos tratados de fisiognomonia, técnica que prevê o destino do homem com base nos traços de seu rosto ou do aspecto geral de seu corpo, sendo a quiromancia (leitura das linhas da mão) uma de suas subdivisões. Muito populares, essas técnicas derivam de tratados árabes, eles próprios provenientes de fontes gregas e latinas.”

NADOLNY, Isabelle. História do TarôUm estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 131.