Da Explicação à Empolgação

“(…) antes de tentar expor sua ideia, pense em deixar claro o que ela não é.

Se uma explicação está construindo um pequeno modelo mental num amplo espaço de possibilidades, é útil, antes de tudo, reduzir a dimensão desse espaço.

(…)

Mais ou menos um trilhão de células humanas faz com que cada um de nós seja o que é e faça tudo o que faz. No entanto, em qualquer momento de suas vidas, cada um aqui tem dez trilhões de células bacterianas dentro do corpo ou sobre ele. Ou seja: em uma pessoa, há dez vezes mais células bacterianas do que células humanas.

(…)

Você só consegue passar ao público uma nova ideia poderosa se tiver aprendido a explicá-la.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 84-87.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Explicação.

A Maldição do Conhecimento

“(…) sofremos de um viés cognitivo (…) “a maldição do conhecimento”. Em suma, temos dificuldade para lembrar como é não saber algo que conhecemos bem.

(…) para haver uma verdadeira compreensão, é preciso comunicar toda a estrutura hierárquica de uma ideia:

Uma descoberta importante da psicologia cognitiva é que a memória de longo prazo depende da organização hierárquica coerente do conteúdo: blocos dentro de blocos dentro de blocos. O desafio de quem fala em público é usar a fala, um meio fundamentalmente unidimensional (palavras em sequência), para transmitir uma estrutura multidimensional (hierárquica e entrecruzada). A pessoa começa com uma teia de ideias na cabeça e, em virtude da própria natureza da linguagem, precisa convertê-la numa fileira de palavras.

Imaginando a estrutura de uma palestra explicativa como uma linha mes tra em que outras partes são ligadas – historietas ilustrativas, exemplos, amplificações, digressões, esclarecimentos etc.—, a estrutura geral pode lembrar uma árvore. A linha mestra é o tronco; os galhos, as diversas partes ligadas a ela.

Cada frase é inteligível, mas o palestrante se esquece de mostrar como elas se ligam. Para ele, isso está óbvio.

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 81-82.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Explicação.

Seja Pessoal

Para instalar uma ideia na mente de alguém, você precisa de permissão. Em geral as pessoas têm cuidado ao abrir a mente — seu bem mais precioso — a um total desconhecido. É preciso encontrar um meio de superar essa resistência. E a maneira de fazer isso é tornar visível seu lado humano.

Você pode dar uma palestra brilhante, com explicações cristalinas e uma lógica inatacável, porém, se antes de tudo não entrar em sintonia com o público, ela não cumpre sua finalidade.

São criaturas sociais com peculiaridades (…) Desenvolveram armas para se protegerem de conhecimentos perigosos capazes de poluir a visão de mundo da qual dependem. Essas armas tém nome: ceticismo, desconfiança, antipatia, tédio, incompreensão.

(…) sua primeira tarefa como palestrante é encontrar a maneira de desativar essas armas e construir um laço humano de confiança com seus ouvintes (…).”

*Confiança = Consistência > identificação.

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 55-56.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Sintonia.

Biografias

Versão 1

“Embora eu seja britânico, nasci no Paquistão meu pai era missionário e cirurgião oftalmologista – e passei meus primeiros anos naquele país, na Índia e no Afeganistão. Com treze anos, fui mandado para um internato na Inglaterra e depois disso estudei na Universidade de Oxford, onde me formei em filosofia, política e economia. Comecei a trabalhar como jornalista num pequeno jornal no Pais de Gales, depois trabalhei alguns anos em uma rádio pirata nas Ilhas Seychelles, na qual redigia e apresentava um noticiário internacional.

De volta ao Reino Unido em meados da década de 1980, eu me apaixonei pelos computadores e lancei várias revistas sobre o assunto. Era uma grande época para se lançar revistas especializadas, e ao longo de sete anos minha empresa dobrou de tamanho a cada ano. Eu a vendi, me mudei para os Estados Unidos e tentei o mesmo caminho.

Em 2000, meu negócio tinha crescido, atingindo a marca de dois mil funcionários, e compreendia 150 revistas e sites. Mas a bolha tecnológica estava para estourar, e, quando isso aconteceu, quase destruiu a empresa. Além disso, quem precisa de revistas se existe a internet? Sai no fim de 2001.

Por sorte, eu havia aplicado um dinheiro numa fundação sem fins lucrativos. Usei o valor para comprar o TED Talks, que, na época, era uma conferência anual na Califórnia. Desde então, ele tem sido minha paixão em tempo integral.”*

*A biografia de uma vida.

Versão 2

“Quero que você venha comigo ao quarto de um estudante na Universidade de Oxford em 1977. Você abre a porta e, à primeira vista, parece que o lugar está vazio.

Mas espere. Num canto do quarto, há um rapaz deitado de costas no chão, olhando para o teto. Faz mais de uma hora e meia que está nessa posição. Sou eu. Aos 22 anos. Estou pensando. Seriamente. Estou tentando… Por favor, não ria… Estou tentando resolver o problema do livre-arbítrio. Sabe aquele profundo mistério que vem desafiando filósofos há pelo menos dois milênios? Exato. Estou tentando decifrá-lo.

Quem examinasse a cena com objetividade concluiria que aquele rapaz padecia de uma estranha combinação de arrogância e delírio, ou que talvez fosse apenas timido e solitário, preferindo a companhia de ideias à de pes- soas.

E a minha história? Eu sou um sonhador. Sempre fui obcecado pelo poder das ideias. E tenho absoluta certeza de que foi esse foco interior que me ajudou a sobreviver à criação em internatos na India e na Inglaterra – longe de meus pais missionários e me deu a confiança para tentar construir uma empresa de comunicação. Com certeza foi o sonhador que existe em mim que se apai- xonou tão perdidamente pelo TED.

Nos últimos tempos, tenho sonhado com a revolução no ato de falar em público e com aquilo a que essa revolução poderá levar…”*

*A biografia do poder de uma ideia.

(…) você só percorrerá o terreno que puder mostrar em profundidade suficiente para criar interesse. Ao escolher uma linha mestra, você automaticamente filtra e elimina muita coisa. (…) “sonhador”.

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 46-47.

Capítulo 1 – Fundamentos: Linha Mestra.

Menos Pode Ser Mais

“Para realizar uma palestra eficaz, você precisa diminuir a gama de assuntos abordados, reduzindo-a a um fio único e coeso – uma linha mestra que possa ser desenvolvida de modo adequado. Em certo sentido, você cobrirá menos pontos, mas o impacto será substancialmente maior.

(…) O sucesso das palestras eficazes está no que se deixa de fora. Menos pode ser mais.

(…) meu ego estava me armando uma cilada. (…) A única forma de dar uma palestra realmente notável é apagar o ego e se permitir ser apenas um veículo de transmissão das ideias.

Deixe espaço e DIGA MENOS.

(…) Brené Brown: “Planeje sua palestra. Depois, corte-a pela metade. Depois de chorar bastante a perda de metade da palestra, corte 50% do que sobrou. É tentador pensar no quanto você pode incluir em dezoito minutos. Para mim, a melhor pergunta é a seguinte: ‘O que você pode apresentar, de maneira significativa, em dezoito minutos?”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 45-46.

Capítulo 1 – Fundamentos: Linha Mestra.

Saber Onde se Quer Chegar

(…) quando sabe aonde você quer chegar, o público sente muito mais facilidade para acompanhar seu trajeto.

Nessa metáfora de viagem, a linha mestra traça o percurso. (…)  uma linha mestra não é o mesmo que um assunto.

Então, como definir sua linha mestra?

O primeiro passo é saber o máximo possível sobre a plateia. Quem são essas pessoas? Qual é o nivel de informação delas? O que esperam? Com o que se importam? Sobre o que outros palestrantes já lhes falaram? Só se pode dar de presente uma ideia a mentes preparadas para recebê-la.

(…) A equação é simples: excesso de temas é igual a subexposição.

-Mostrar por que o tema é importante: que pergunta está tentando responder? -Que problema está tentando solucionar? Que experiência pretende compartilhar?
-Embasar cada argumento com exemplos reais, histórias ou fatos.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 43-45.

Capítulo 1 – Fundamentos: Linha Mestra.

O Poder de Uma Única Ideia

Barry Schwartz:

Muitos palestrantes se apaixonam por suas ideias e acham difícil imaginar o e elas têm de complicado para aqueles que ainda não mergulharam nelas. A solução está em apresentar apenas uma ideia – e do modo mais detalhado e completo possível no tempo limitado. O que você deseja que o público compreenda plenamente ao fim da palestra?

(…)

A Khan Academy tinha feito muitas coisas realmente interessantes, mas achei que falar delas seria uma atitude muito interesseira. Eu queria dividir ideias maiores, ideias como o aprendizado com base no domínio completo do conteúdo ou a humanização do tempo de aula por meio da eliminação das salas de aula. O conselho que eu daria a palestrantes é procurar uma única ideia importante, que seja maior que você ou sua organização, e ao mesmo tempo alavancar sua experiência para mostrar que ela é mais do que mera especula ção vazia.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 42.

Capítulo 1 – Fundamentos: A Linha Mestra.

Linguagem

“(…) Por isso, se alguém lhe diz que, ao falar em público, a linguagem corporal é mais importante do que a linguagem verbal, lembre-se, por favor, de que a pessoa está interpretando mal as pesquisas científicas.

(…) Nossas ideias fazem de nós o que somos. E quem descobre meios de transmitir suas ideias para a mente de outras pessoas é capaz de criar efeitos propagadores de consequências incalculáveis.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016. Pág. 31.

Capítulo 1 – Fundamentos: Construção da Ideia.

O Poder da Linguagem e do Compartilhar

“Na Universidade de Princeton, o dr. Uri Hasson vem realizando pesquisas revolucionárias na tentativa de descobrir como esse processo funciona. É possível capturar em tempo real a complexa atividade cerebral associada à construção de um conceito ou à memorização de uma história. Essas pesquisas exigem uma tecnologia chamada imagens por ressonância magnética funcional (IRM).

Numa experiência em 2015, o dr. Hasson submeteu um grupo de voluntários a exames de IRMf enquanto lhes exibia um filme de cinquenta minutos, registrando suas reações cerebrais à história. Algumas das reações se repetiam em quase todos os voluntários, gerando comprovações físicas concretas da experiência comum por que passavam. Depois, o dr. Hasson pediu que gravassem suas próprias lembranças do filme. Muitas delas eram bem detalhadas e chegavam a durar vinte minutos. Em seguida e isso é o que espanta -, ele reproduziu as gravações para outro grupo de voluntários que não tinham visto o filme e registrou seus dados de IRMf. As reações que apareciam no cérebro do segundo conjunto de voluntários, que só tinham escutado o áudio das lembranças, eram as mesmas do cérebro dos primeiros voluntários, que haviam assistido ao vídeo! Ou seja: por si só, o poder da linguagem evocou as mesmas
experiências mentais daqueles que tinham visto o filme. Essa é uma comprovação extraordinária da eficácia da linguagem. Trata-se de um poder que quem fala em público pode explorar.”*

*O Poder da Linguagem e do Compartilhar.

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 30.

Capítulo 1 – Fundamentos: Construção da Ideia.

Eficácia da Linguagem

“(…)formar na cabeça a imagem de algo que nunca aconteceu na história, a não ser em minha imaginação e na de quem leu isso. Uma única frase tem esse poder.*

*Mentalismo.

*Linguagem-Ideias-Imagens-Emoções-Ações.

(…) a linguagem só produz sua magia quando partilhada entre falante e ouvinte, E essa é a chave para que se realize o milagre de recriar sua ideia no cérebro de outras pessoas. Você só pode usar as ferramentas a que sua plateia tem acesso.”*

*Nivelar Conceitos.

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016. Pág. 29-30.

Capítulo 1 – Fundamentos: Construção da Ideia.