A verdade ou a mentira pra valer

Material complementar

Ao diferenciarmos erro de mentira, considerando o primeiro uma ilusão ou um engano involuntário e a segunda uma decisão voluntária, manifestamos silenciosamente a crença de que somos seres dotados de vontade e que dela depende dizer a verdade ou a mentira. 

Ao mesmo tempo, porém, nem sempre avaliamos a mentira como alguma coisa ruim: não gostamos tanto de ler romances,ver novelas, assistir a filmes?E não são mentira? É que também acreditamos que, quando alguém nos avisa que está mentindo, a mentira é aceitá­vel, não é uma mentira no duro”, pra valer”.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 17.

Introdução: Para que filosofia?

Exercendo nossa liberdade

Aula Magna

O Mito da caverna

Material complementar

“Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do Sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos ou­tros nem a si mesmos, mas apenas sombras dos outros e de si mesmos, porque estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam. 

Os prisioneiros se comunicam, dando nome às coisas que julgam ver (sem vê-las real­mente, pois estão na obscuridade) e imaginam que o que escutam, e que não sabem que são sons vindos de fora, são as vozes das próprias sombras e não dos homens cujas imagens estão projetadas na parede; também imaginam que os sons produzidos pelos artefatos que esses homens carregam nos ombros são vozes de seres reais. 

Qual é, pois, a situação dessas pessoas aprisionadas? Tomam sombras por realidade, tanto as sombras das coisas e dos homens exteriores como as sombras dos artefatos fabricados por eles. Essa confusão, porém, não tem como causa a natureza dos prisioneiros e sim as condições adversas em que se encontram. Que aconteceria se fossem libertados dessa condição de miséria? 

Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De início, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstácu los de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna.

No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do Sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento. Incredulidade porque será obrigado a decidir onde se encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu. Deslumbra­mento (literalmente: ferido pela luz) porque seus olhos não conseguem ver com nitidez as coisas iluminadas.

Seu primeiro impulso é o de retornar à caverna para livrar-se da dor e do espanto, atraído pela escuridão, que lhe parece mais acolhedora. Além disso, precisa aprender a ver e esse aprendizado é doloroso, fazendo-o desejar a caverna onde tudo lhe é familiar e conhecido. Sentindo-se sem disposição para regressar à caverna por causa da rudeza do caminho, o prisioneiro permanece no exterior. Aos poucos, habitua-se à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de finalmente ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as suas forças para jamais regressar a ela. No entanto, não pode evitar lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também. 

Que lhe acontece nesse retorno? Os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna, certamente acabarão por matá-lo. Mas,quem sabe,alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo à realidade? 

O que é a caverna? O mundo de aparências em que vivemos. Que são as sombras projetadas no fundo? As coisas que percebemos. Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença de que o que estamos percebendo é a realidade. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz do Sol? A luz da verdade. O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A realidade. Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A filosofia.”

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 14-15.

Introdução: Para que filosofia?

O Mito da caverna

Aula Magna

Matrix é o computador gigantesco

“A Matrix é o computador gigantesco que escraviza os homens, usando a mente deles para controlar as próprias percepções,sentimentos e pensamentos,fazendo-os crer que o aparente é real.

Vencer o poder da Matrix é destruir a aparência, restaurar a realidade e assegurar que os seres humanos possam perceber e compreender o mundo verdadeiro e viver realmente nele.”

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 12.

Introdução: Para que filosofia?

Neo e a Matrix

Aula Magna

Onde tudo se torna calculável, a sorte desaparece

“Onde tudo se torna calculável, a sorte desaparece. A sorte é um evento que ilude todos os cálculos. Existe uma conexão íntima entre feitiçaria e sorte. A vida calculável e otimizada é sem magia, ou seja, sem sorte.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1547.

Um excurso sobre o Jukebox

A ilusão da atividade

“A dialética do ser-ativo que escapa a Arendt consiste no fato de que a agudização hiperativa da atividade faz com que essa se converta numa hiperpassividade, na qual se dá anuência irresistivelmente a todo e qualquer impulso e estímulo. Em vez de liberdade, ela acaba gerando novas coerções. É uma ilusão acreditar que quanto mais ativos nos tornamos tanto mais livres seríamos.”

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Ed. Vozes, 2022, Local 420.

5| Pedagogia do ver

Princípio de Vibração e a Ilusão do não movimento

“Tudo nesta existência, tanto de natureza física como espiritual, deve ser e estar em constante movimento. O cérebro humano não é exceção a essa regra. Ele foi criado para receber, organizar, especializar-se e expressar o poder do pensamento. Quando um indivíduo não usa o cérebro para a expressão de pensamentos criativos e positivos, a natureza preenche o vácuo forçando-o a agir em cima de pensamentos negativos.”

Hill, Napoleon. Mais Esperto que o Diabo: O mistério revelado da liberdade e do sucesso,Ed. Citadel, 2014, pág.175.

Pessoas Alienadas ou Inconscientes

“Muitas pessoas vivem, então, alienadas – ou, em termos contemporâneos, inconscientes. Desconhecendo suas próprias individualidades, elas não têm raízes. O Evangelho da Verdade descreve essa existência como um pesadelo. Aqueles que assim vivem sentem “terror, confusão, instabilidade, dúvida e divisão”, presos a “muitas ilusões”. Então, de acordo com a passagem que os estudiosos chamam de “parábola do pesadelo”, eles vivem

…submergidos em seus sonos, encontrando-se em sonhos perturbadores. Ou (há) um lugar para onde eles estão fugindo ou, sem força, estão voltando (após) terem perseguido outros, ou estão envolvidos em causar desgraças, ou estão eles mesmos recebendo golpes funestos, ou caíram de lugares altos, ou voaram no ar embora não tenham asas. Novamente, às vezes (é como) se as pessoas lhes estivessem matando, apesar de não haver ninguém lhes perseguindo, ou são eles mesmos que estão assassinando seus vizinhos, por terem sido manchados com o seu sangue. Quando aqueles que estão passando por todas essas coisas acordam, eles não vêem nada, aqueles que estão em meio a essas perturbações assim estão porque não são nada. Esse é o modo daqueles que puseram a sua ignorância à parte como o sono, deixando [suas funções] para trás como um sonho em uma noite. (…) Esse é o modo como cada um agiu, como se dormisse no tempo quando era ignorante. E esse é o modo como chegou ao conhecimento, como se tivesse acordado.*(Ibid., 29.8-30.12, em NHL 43.)

Quem permanece ignorante, uma “criatura alienada”, não se realiza. Os gnósticos dizem que uma pessoa assim “vive imersa na deficiência (o oposto da realização). Porquea deficiência consiste em ignorância:

( … ) Quem é ignorante, quando atinge o conhecimento, sua ignorância se esvai por si só; assim como a escuridão desaparece com a luz, a deficiência esvai-se com a realização.” *(Ibid., 24.32-25.3, em NHL 41)

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 142-143.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Ele Sofre, Se Esforça e Se Regozija

A persistência do homem no erro é a razão de permanecer condenado ao ostracismo, banido da consciência divina.  (…) A verdade é que, sendo Deus onipresente, Ele sofre naqueles que choram, Se esforça naqueles que trabalham e Se regozija nos que conhecem a bem -aventurança da alma. O Grande Espírito desejou Se tornar muitos, e em muitos Se tornou; mas os muitos não O reconhecem. Eles se mantêm segregados devido ao seu individualismo. Aferrando-se à ilusão de que seu ego possui uma existência separada, eles se esquecem por completo de que sua individualidade é apenas uma diminuta onda na superfície do Oceano Cósmico. A salvação consiste em romper essa ilusão do individualismo, de modo que a pequena onda possa imergir no oceano do Espírito.

(…)

Quando a alma novamente se percebe como filha de Deus, descendente autêntica do Infinito Imaculado – e compreende que, devido à ilusão onirica, apenas imaginou ser temporaria mente um ser pecador -, então a consciência abriga uma fé inquebrantável nessa realidade. A mera; a convicção latente de que a alma é filha de Deus é permanente e imutável, ainda que esteja oculta por algum tempo na matriz de pecado própria da mortalidade.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 98.

Capítulo 35: O Perdão dos Pecados.

Felicidade Superior

“Aquele que deixa de procurar e de descobrir a felicidade superior da bem-aventurança sempre-nova presente na alma e que pode ser experimentada em meditação esquecerá seu Eu divino em meio à luxúria material do ego, o pseudo-eu ilusório.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol II. Editora Self, 2017, pág. 97.

Capítulo 35: O Perdão dos Pecados.

Jogo de Forças Entre o Bem e o Mal

“Muito mais do que apenas um nobre ideal, o princípio do amor é, na verdade, a própria manifestação de Deus em Sua criação. O universo é preservado por um jogo de forças entre o bem e o mal. O efeito do mal, ou ilusão, é dividir, obscurecer e criar desarmonia. O amor é o poder de atração do Espírito que une e harmoniza.

(…)

Perceber Deus igualmente nos amigos e inimigos é um testemunho da própria realização espiritual.

(…)

Não é necessário conviver com os inimigos. Muitas vezes é preferível amá-los à distância, a menos que, mediante gestos de bondade no relacionamento, nosso amor possa efetuar uma transformação na quelas pessoas.

(…)

As ações falam mais alto do que as palavras. Foi por isso que Jesus disse: “Fazei bem aos que vos odeiam“.

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 528-530.

Capítulo 27: Cumprir da Lei. O Sermão da Montanha, Parte II.