Sábios

“Declaração Tomás de Aquino: “Reserva-se o nome de sábio apenas àquele cuja consideração é o fim do universo, fim esse que é também o início do universo”. Eis o princípio básico de toda a mitologia: o início no fim. Os mitos da criação são permeados por um sentido de predestinação que reivindica ao imperecível todas as formas criadas, cujo primeiro aparecimento teve esse mesmo imperecível como fonte.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 264.

Amor Transcendente

“(…) fundamentalmente, é uma passagem para dentro – para as camadas profundas em que são superadas obscuras resistências e onde forças esquecidas, há muito perdidas, são revitalizadas, a fim de que se tornem disponíveis para a tarefa de transfiguração do mundo. Cumprida essa etapa, a vida já não sofre sem esperança sob o peso das terríveis mutilações do desastre absoluto, esmagada pelo tempo, terrível ao longo do espaço; mas o seu horror ainda visível e seu gritos aflitos ainda tumultuados, ela se torna penetrada por um amor que a tudo abarca e a tudo sustém e por um conhecimento do seu próprio poder não conquistado. Uma parcela do lume que arde invisivelmente nos abismos de sua materialidade normalmente opaca irrompe, com um distúrbio crescente. Assim, as horrorosas mutilações são vistas, tão somente, como sombras de uma eternidade imanente e imperecível, o tempo se rende à glória, e o mundo canta com o prodigioso e angelical – mas talvez, no final das contas, monótono – canto da sereia das esferas”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 35-36.