O pensar já é sempre disposto

“O pensar já é sempre disposto; ou seja, exposto a uma disposição que o fundamenta. A fundamentação pré-reflexiva do pensar precede todo pensamento: “Todo pensar essencial exige que seus pensamentos e proposições sejam extraídos renovadamente, como minério, da disposição fundamental”. Heidegger se esforça, por isso, para descobrir, no pensar, o âmbito da passividade. Admite-se, aí, que o pensar, em seu âmago, é um pathos: “[…] pathos está ligado com paschein, sofrer, aguentar, suportar, entregar, deixar-se carregar, deixar-se de-finir por [algo]”. Já por isso a inteligência artificial não pode pensar, pois ela não é capaz do pathos. Padecer e sofrer são estados que não podem ser alcançados por nenhuma máquina. À máquina, a inatividade contemplativa é, sobretudo, estranha.”

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 658.

Da ação ao ser