Profusão editorial francesa

“Hoje, qualquer pessoa pode criar seu jogo, seu método e abrir sua própria escola. O tarô é utilizado para prever o futuro, mas também para muitas outras coisas: meditar, praticar psicologia, administração ou tai chi, narrar, produzir música, escrever poemas, pintar etc. Cabe dizer que a psicanálise passou por esse caminho. Estuda-se o tarô à luz dos arquétipos junguianos e tenta-se explorar o inconsciente com cartas que, ao serem extraídas, sofrem o fenômeno da sincronicidade. O tarô se tornou uma ferramenta de desenvolvimento pessoal.

No entanto, a inspiração ocultista e esotérica do tarô continua a existir e é representada, por exemplo, pela obra Méditations sur les 22 arcanes majeurs du tarot [Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarol, publicada pela primeira vez na Alemanha, em 1972, por um autor “anônimo”, que na verdade é Valentin Tomberg (1900-1973). Apesar do título, esse livro é menos uma obra sobre o tarô do que uma coletânea de meditações, inspirada no gnosticismo cristão.”

Por todas essas razões, a produção editorial em torno do tarô tornou-se considerável. Há nada menos do que 566 livros catalogados pela Biblioteca Nacional da França sob as palavras-chave “tarô, adivinhação” e publicados na França entre 1970 e 2015. A cada ano, surgem entre dez e 15 novos títulos consagrados ao tarô e, mais uma vez, estamos falando apenas da França e da produção impressa. Quando pesquisamos as mesmas palavras-chave no catálogo da BnF, incluindo as publicações estrangeiras, encontramos 629 títulos, e o recorte por datas se torna muito significativo: para 1700-1799, dois títulos: 1800-1899, 14 títulos: 1900-1999, trezentos títulos (dos quais apenas 17 antes de 1980); 2000-2099, 114 títulos. Ou seja, no início dos anos 2000 publicou-se quase a mesma quantidade de livros que nos séculos XIX e XX- e nem estamos falando dos conteúdos de outras grandes bibliotecas, como as anglo-saxãs.

Há um movimento semelhante no que se refere aos baralhos. Cada vez mais autores ou editores publicam tarôs, edições que se tornaram possíveis graças ao fim do monopólio dos fabricantes de cartas em 1945. Desde essa data, qualquer pessoa é livre para editar cartas. Na França e na Itália, os fac-similes de tarôs antigos ou as reconstituições de tarôs históricos são cada vez mais procurados, todos querem ter os tarôs mais antigos nas melhores reproduções possíveis, demonstrando uma preocupação com a autenticidade, desta vez mais próxima da história. As edições de fac-similes de Tarôs de Marselha antigos de Yves Reynaud, complementadas com notas históricas sobre os fabricantes de cartas, são um bom exemplo disso. Há outros editores, como Il Meneghello, que publica fac-similes de tarôs históricos italianos. Além disso, são muitas as criações originais de tarôs, tanto esotéricas quanto artísticas, tarô persa, tarô maçõnico, psicológico, extravagante, sacerdotal, telúrico, de James Bond, dos construtores do santuário, da Igreja da Luz etc. Se além disso evocarmos os oráculos, a lista pode alongar-se indefinidamente oráculo dos anjos, dos arcanjos, dos arcanjos e mestres ascensionados, e assim por diante.

(…) nossa época, ávida de conhecimento ancestral, multiplicou as interrogações no estilo que lhe é próprio: seu questionamento se enriqueceu com uma grande quantidade de conhecimentos, noções e compreensões de coisas que não existiam na época de Court de Gebelin ou de Papus. Rico de um saber renovado por disciplinas que antes não existian (psicanálise, etnologia, entre outras), o homem tenta explorar a si mesmo. Cam tudo isso, abriu-se em uma perspectiva mais global do mundo e até mesmo do universo. Em um plano mais metafísico, os dogmas e as concepções antigos foram varridos para dar lugar a um vazio de sentido vertiginoso, em que tudo é possível. Por isso, depois de ter sido desprezado, o acesso aos conhecimentos ancestrais se renovou com essa abertura: fala-se de antropólogos que se tornaram xamãs ou de psicanalistas que fazem retiros espirituais.

Busca de sentido, acesso ilimitado ao saber: tudo isso se repercute na história do tarô. Como dissemos, tudo lhe é perguntado: o conhecimento de si mesmo, do inconsciente, do karma, a cura, a sabedoria, a inspiração… E, para responder a essas perguntas, escreve-se a seu respeito vasculhando tanto quanto possível essa base desigual de saber, amplamente difundida pela tecnologia contemporânea. Tudo isso explica a grande produção editorial, e nem chegamos a evocar o mundo digital, ou seja, a caixa de Pandora. A multiplicidade de sites, blogs, bases de dados, fóruns, artigos, estágios e cursos disponíveis também demonstra a imensa fortuna contemporânea do tarô e contribui para nutrí-la.

Atualmente, o tarô prospera em uma época que procura a si mesma. Portanto, ele tem uma bela jornada pela frente.”

NADOLNY, Isabelle. História do TarôUm estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 192-194.

A inatividade não se opõe à atividade

“A inatividade não se opõe à atividade. Antes, a atividade se nutre da inatividade.

(…)

O tédio é o limiar de grandes feitos”. O tédio constitui o “lado externo do acontecimento inconsciente”. Sem ele, nada se sucede. O núcleo do novo não é a determinação para a ação, mas o acontecimento inconsciente.”

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 282-284.

Considerações sobre a inatividade

Acontecimento inconsciente

Na espera, ele se entrega ao “acontecimento inconsciente”. Visto pelo lado de fora, ele é inativo. Mas essa inatividade é a condição de possibilidade da experiência.

A espera começa quando já não se tem nada de determinado em vista. Quando esperamos algo determinado, esperamos menos e nos fechamos ao acontecimento inconsciente: “a espera começa quando não há mais nada aí pelo que se espere, nem mesmo pelo fim da própria espera. A espera ignora e destrói aquilo que espera. A espera não espera nada”. A espera é a postura espiritual de quem está inativo e contemplativo. É-lhe revelada uma realidade inteiramente diferente, à qual nenhuma atividade, nenhuma ação, tem acesso.”

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 202-203.

Considerações sobre a inatividade

Todo fracasso amplia nosso repertório de saber o não-fazer

“Tão inconsistente como parece ser, você aprenderá muito mais como ser bem-sucedido a partir dos fracassos do que com o tão chamado ‘sucesso’. Eles lhe ensinarão o que não fazer.”

Hill, Napoleon. Mais Esperto que o Diabo: O mistério revelado da liberdade e do sucesso,Ed. Citadel, 2014, pág.14.

Pessoas Alienadas ou Inconscientes

“Muitas pessoas vivem, então, alienadas – ou, em termos contemporâneos, inconscientes. Desconhecendo suas próprias individualidades, elas não têm raízes. O Evangelho da Verdade descreve essa existência como um pesadelo. Aqueles que assim vivem sentem “terror, confusão, instabilidade, dúvida e divisão”, presos a “muitas ilusões”. Então, de acordo com a passagem que os estudiosos chamam de “parábola do pesadelo”, eles vivem

…submergidos em seus sonos, encontrando-se em sonhos perturbadores. Ou (há) um lugar para onde eles estão fugindo ou, sem força, estão voltando (após) terem perseguido outros, ou estão envolvidos em causar desgraças, ou estão eles mesmos recebendo golpes funestos, ou caíram de lugares altos, ou voaram no ar embora não tenham asas. Novamente, às vezes (é como) se as pessoas lhes estivessem matando, apesar de não haver ninguém lhes perseguindo, ou são eles mesmos que estão assassinando seus vizinhos, por terem sido manchados com o seu sangue. Quando aqueles que estão passando por todas essas coisas acordam, eles não vêem nada, aqueles que estão em meio a essas perturbações assim estão porque não são nada. Esse é o modo daqueles que puseram a sua ignorância à parte como o sono, deixando [suas funções] para trás como um sonho em uma noite. (…) Esse é o modo como cada um agiu, como se dormisse no tempo quando era ignorante. E esse é o modo como chegou ao conhecimento, como se tivesse acordado.*(Ibid., 29.8-30.12, em NHL 43.)

Quem permanece ignorante, uma “criatura alienada”, não se realiza. Os gnósticos dizem que uma pessoa assim “vive imersa na deficiência (o oposto da realização). Porquea deficiência consiste em ignorância:

( … ) Quem é ignorante, quando atinge o conhecimento, sua ignorância se esvai por si só; assim como a escuridão desaparece com a luz, a deficiência esvai-se com a realização.” *(Ibid., 24.32-25.3, em NHL 41)

PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. Editora Objetiva, 1979, pág. 142-143.

Capítulo: 6- Gnosis: Autoconhecimento Como Conhecimento de Deus.

Um Debate Interno

“Douglas Stone, Bruce Patton e Sheila Heen no livro “Conversas Difíceis” O primeiro dos diálogos é “O que aconteceu”, sobre as diferentes perspectivas possíveis do que aconteceu ou deveria ter acontecido. O segundo diálogo é o dos sentimentos conscientes ou inconscientes revelados na conversa. O terceiro é o da identidade, um debate interno sobre o que os outros dois diálogos representam para nós.”

(…)

“O que perguntei/não perguntei nesta conversa? Qual é outra interpretação possível para o que perguntei/não perguntei? O que senti/não senti ao perguntar/não perguntar? O que as perguntas que fiz/não fiz e o que senti/
não senti dizem sobre quem sou?”

(…)

“O que eu acho? O que eu faria/não faria? O que me agrada/não me agrada? Quais são os outros possíveis pontos de vista para enxergar esta situação? O que aqui é fato e o que é interpretação minha? Quais valores meus me impedem de separar fatos das minhas interpretações?”

(…)

“Uma vez que haja a consciência de que está julgando, seja compassivo consigo mesmo e analise se é o caso de compartilhar com a pessoa com quem está conversando. Reconhecer um julgamento próprio é mostrar-se humano, numa posição de igualdade com um interlocutor e pode, inclusive, ajudar o outro a reconhecer como seus julgamentos podem estar implicados nas questões em debate.”

GOLDEMBERG, Gilda. Perguntas Poderosas: Um guia prático para aprender a
perguntar e alcançar melhores resultados em coaching. Ed. Casa do Escritor – 2a Edição, 2019. Versão Kindle, posição 974-1006.

Poder Mental dos Seres Extrasolares

“Controlamos já de tal forma o exercício da energia da mente que somos capazes de atuar através de verdadeiro “laser mental” concentrando extremadamente o pensamento e o fazendo incidir mediante aguda pressão, verdadeira força, sobre a mente de outrem. Assim fazemos e temos feito e faremos conforme a nossa estratégia de atuação, agindo no silêncio da subconsciência ou do inconsciente das pessoas que desejamos influenciar, conduzir mesmo a determinadas decisões sem que percam os seus próprios méritos.(…)”

UCHÔA, Alfredo Moacyr. Mergulho no Hiperespaço. Dimensões Esotéricas na Pesquisa dos Discos Voadores. Brasília, 1976, pág. 92.

Auxílio em Doença Mental

“– Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da Nova Era, sob a égide do Espiritismo, vêm convertendo a teoria animista num travão injustificável a lhes congelarem preciosas oportunidades de realização do bem; portanto, não nos cabe adotar como justas as palavras “mistificação inconsciente ou subconsciente”, para batizar o fenômeno. Na realidade, a manifestação decorre dos próprios sentimentos de nossa amiga, arrojados ao pretérito, de onde recolhe as impressões deprimentes de que se vê possuída, externando-as no meio em que se encontra. E a pobrezinha efetua isso quase na posição de perfeita sonâmbula, porquanto se concentra totalmente nas recordações que já assinalamos, como se reunisse todas as energias da memória numa simples ferida, com inteira despreocupação das responsabilidades que a reencarnação atual lhe confere. Achamo-nos, por esse motivo, perante uma doente mental, requisitando-nos o maior carinho para que se recupere. Para sanar-lhe a inquietação, todavia, não nos bastam diagnósticos complicados ou meras definições técnicas no campo verbalista, se não houver o calor da assistência amiga.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 22.