“(…) (4200 a.C.). Por certo, ainda não se encontrou nenhum indício de que houvesse jogo de cartas nesse período. Em contrapartida é possível levar em conta outro aspecto: com os egípcios, evocamos os vínculos originais entre os jogos e os mitos; entre os gregos, podemos considerar a fronteira indistinta entre jogo e adivinhação, sobretudo com os chamados “jogos de azar”.
(…)
“Mais uma vez, onde se situa a fronteira entre o lúdico e o divinatório? Entre lançar os ossinhos com um adversário para ganhar uma aposta ou para buscar uma resposta a uma pergunta? Louis Becq de Fouquière cita vários testemunhos antigos muito interessantes, como o de Ovídio, que, ao falar dos tratados sobre os jogos, diz “por qual lance é possível ter o melhor resultado ou evitar os cães de mau agouro”. Cita sobretudo Pausanias (Acaia, XV): Próximo ao rio Buraico há uma caverna. Nessa caverna existe um oráculo que permite conhecer o futuro por intermédio de um quadro e de ossinhos. Quem quiser consultá-lo deverá primeiro dirigir orações à estátua; em seguida, deverá pegar alguns dos muitos ossinhos que se encontram diante dela, jogar quatro sobre a mesa e buscar a explicação do lance no quadro em que os diferentes lances são ilustrados com a explicação do que representam”.
NADOLNY, Isabelle. História do Tarô. Um estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 20.