As únicas lembranças que guardamos de Court de Gébelin

“As únicas lembranças que guardamos de Court de Gébelin hoje se referem ao tarô; o restante de sua obra monumental foi esquecido. Contudo, se considerarmos o tarô, o autor não parece ter escrito informações muito essenciais para compreendê-lo nem revelá-lo.

Então, por que ainda hoje ele é citado nas referências bibliográficas sobre o tema? Como dissemos, o fato é que ele foi o primeiro a falar do tarô de outra forma. Em seguida, e o que é mais importante, outros autores logo tomaram seu lugar para desenvolver essa ideia de que o tarô é algo bem diferente de um jogo de cartas. Se também não tivessem tratado do tema após Court de Gébelin, provavelmente seu texto sobre o tarô teria sido esquecido, tal como aquele sobre os brasões ou seu dicionário etimológico. Além disso, se esses autores desenvolveram a ideia, evocada no primeiro capítulo, de um tarô que, na verdade, é o “Livro de Thot” e conteria conhecimentos ocultos, e se essa ideia pôde crescer e se desenvolver, é porque eles escreveram em uma época, o final do século XVIII, em que esse tipo de concepção podia ser semeada em um terreno bastante fértil: como vimos, os mistérios do Egito eram tão populares quanto a cartomancia. O tarô como “Livro de Thot” tinha um belo futuro pela frente.”

NADOLNY, Isabelle. História do TarôUm estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 154.