Admitir o Sofrimento

Nosso modus operandi usual é tentar livrar nossa vida do sofrimento reorganizando as coisas. Em vez de admitir o sofrimento como parte de nossa experiência, tendemos a fabricar estratégias esperançosas de prevenção. Meu amigo Buddy, praticante do método Rolfing, conta que os clientes quase sempre entram em sua clínica esperando ser “consertados” – esperam chegar a um estado físico completamente livre de dor. Este não é um desejo disparatado. Ninguém quer sofrer. Mas precisamos nos perguntar: “Este misterioso e dinâmico organismo que habitamos é passível de ser consertado? Ele alguma vez atingirá um estado final de equanimidade, em que não sentirá o movimento, o prazer e a dor do universo infinito do qual faz parte?”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 93.