Confiança

“Desbloquear a criatividade natural em nossa experiência não é algo que está restrito à arte. Tem a ver com um estado de ser. Tem a ver com o espírito do não saber, com o koan, com tolerar a incoisitude, com uma mente livre de conclusões, com a mente do Caminho do Meio que conhece a natureza sem fronteiras das coisas. Este modo de ser nos oferece a liberdade de experimentarmos e de nos relacionarmos com a mente e com o mundo à maneira mais direta e viva possível.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 153.

Mente de Pergunta Aberta

Quando o Buda desistiu de sua busca por respostas, ele se deparou com uma alternativa que não sabia existir – a mente de uma pergunta aberta. O Buda descobriu que, quando se fazia uma pergunta, sua mente estava ativa, mas ao mesmo tempo aberta. O processo de questionar a si mesmo o protegeu tanto do extremo da ignorância quanto o da certeza falsa, abrindo espaço para a expressão da inteligência criativa da mente. Ele encontrou uma maneira de estar dentro da mente de uma pergunta aberta, que era profundamente clara, ativa e cheia de aventura, e chamou-a de Caminho do Meio.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 45.

A Busca da felicidade no Externo

“Em seu texto O modo de vida do Bodisatva (The Way of the Bodhisattva), o renomado erudito indiano Shantideva fala de nossa tendência a procurar a felicidade fora de nós mesmos. Ele diz que, se as coisas tivessem quaisquer qualidades inerentes, então essas qualidades deveriam ser sempre evidentes não mudariam nunca. Por exemplo, se um travesseiro possuísse a qualidade inerente do conforto, ele traria conforto mesmo para uma mãe que tivesse acabado de perder seu único filho. Bastaria ela deitar sua cabeça sobre ele e tudo ficaria bem.

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 39.

Nada é Certo

O fato de que nada é certo e, portanto, não há nada em que possamos nos agarrar pode provocar medo e depressão. Mas pode suscitar também o desejo de ser surpreendido, a curiosidade e a liberdade. De fato, alguns de nossos melhores momentos se dão quando ainda não decidimos o que acontecerá a seguir: andando a cavalo, o vento em nossos cabelos; em uma bicicleta, nada além de uma estrada aberta à frente; viajando em terra estrangeira onde nunca estivemos antes. Tinta e uma tela aberta. (…)”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 33.

O Momento Decisivo

A maneira como respondemos à corrente de experiências momentâneas a que chamamos de “nossa vida” determina nosso movimento – seja ele em direção à nossa busca habitual por segurança ou em direção ao despertar. A tradição budista tem muitas formas de explicar nossas tendências a recuar diante das experiências, mas todas essas explicações têm algo em comum: dor e sofrimento se multiplicam quando não somos capazes de nos manter presentes com aquilo que aparece diante de nós. Quando nos sentimos soterrados pela farta energia de uma experiência, colocamos uma tampa sobre ela, tentamos destruí-la, embelezá-la ou reagir a ela de uma maneira ou outra.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p.30-31.

Não Seja Tão Previsível

“O Lojong” budista, ou a tradição de treinamento da mente, diz: “Não seja tão previsível”. Como praticantes espirituais, precisamos ter alguma curiosidade em relação ao desconhecido. Quando territórios inexplorados nos assustam, poderíamos nos perguntar: “Onde está meu senso de aventura?”. É importante ter um senso de aventura na vida, porque nossa situação atual não é diferente daquela em que se escala uma rocha.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 30.

O Estado de Não Saber

O estado de não saber é um lugar fascinante de se estar. E não precisamos escalar montanhas de pedra para experimentá-lo. Deparamo-nos com o não saber, por exemplo, quando somos apresentados a alguém ou quando a vida nos prepara uma surpresa. Essas experiências nos lembram que mudança e imprevisibilidade são a pulsação inerente à nossa existência. Ninguém realmente sabe o que acontecerá de um momento para o outro: quem seremos, o que iremos encontrar e como reagiremos aquilo que encontrarmos? Não sabemos, mas há boa chance de que nos deparemos com algumas experiências duras e indesejáveis, com algumas surpresas que superam nossas expectativas e algumas coisas já esperadas também. E podemos tomar a decisão de estarmos presentes para todas elas.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 28-29.

Não Saber é Saber

“Pois somente conhecemos verdadeiramente a Deus”, escreve São Tomás de Aquino”, “quando acreditamos que Ele se acha além de tudo o que o homem possivelmente seja capaz de pensar de Deus”. E no Kena Upanishad, nesse mesmo espírito: “saber é não saber; não saber é saber”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 230.