Por F.-Ch. Barlet
“Se é dentro do próprio organismo que a alma, após formular um desejo, procura o éter necessário para a manifestação desse desejo, ela o encontra fazendo uso do fantasma, ou parte inferior do corpo astral (Linga Sarira, Than, Nephesh), por intermédio do principio magnético central (Kama, Chi ou Ruach). Assim, consegue agir, conforme descre vemos, e traduzir seu desejo em ações ou gestos do corpo maternal com a ajuda da força vital que o impregna, tal como faz o corpo astral.
Mas, porque não quer ou porque não consegue, a alma nem sem pre obtém essa realização exterior, ainda que não possa deixar de tentar, nesse caso, logra pelo menos externar em linhas gerais aquilo que quer e suga o éter ambiente com ardor proporcional ao desejo. O eter instruído pelo verbo da alma, torna se um vórtice astral sem núcleo e impregnado pelo magnetismo da alma, é expelido por seu centro intermediário, conforme dissemos (por meio da alma do corpo espiritual;
Kama, Chi, Ruach), na busca de um organismo mais capaz que o seu de concretizar o desejo.”
Temos, então, mais um ser na atmosfera astral: é esse tipo de elemental que a filosofia hindu chama pelo nome muito expressivo de Kama Manasic, pois nasce de manas (a alma humana, sede do desejo) com o auxílio do kama (força magnética).
Para se tornar um ser completo, ele precisa do corpo de átomos protoliticos que sua forma aguarda e, devido à origem atual, deseja-o mais ou menos apaixonadamente, criando uma força móvel potencial que se traduz em força viva quando encontra as condições ideais para essa transformação de energia.
É isso que queremos dizer quando descrevemos os elementais como seres inocentes, mas ansiosos por existir: eles procuram individualidades encarnadas que possam lhes proporcionar uma realidade corpórea e prendem-se a elas com a tenacidade de uma possessão, sendo, por isso, verdadeiros vampiros da alma.
Esses seres etéricos, conforme as condições, podem ter um objetivo prescrito por seu criador: é o que explica, por exemplo, os efeitos das bênçãos e das maldições, bem como dos encantamentos de todos os tipos. Mas, na maioria das vezes, eles não têm nenhum objetivo preciso, apenas um impulso indefinido que, por assim dizer, os deixa vagando em busca de aventuras em meio às multidões astrais, em meio aos vivos que invejam e prontos, por causa de sua origem, a serem atraídos apenas pelos desejos, pelas forças e pelos elementais do mesmo tipo.
Desse modo, os pensamentos são seres dotados de existência própria a partir do momento em que seu autor os expressa, isto é, externaliza.
Reunidos por simpatias analógicas de acordo com a lei mecânica de forças do mesmo vetor, eles se multiplicam e se concentram visando a um objetivo comum. Nessas ocasiões, todos sentimos, com uma consciência mais ou menos clara, que uma ideia está no ar ou, pelo menos, as pessoas sensíveis percebem na e, às vezes, anunciam-na como uma realidade já certa, mas ainda invisível e em processo de vir a ser.
(…) o oceano astral que abriga essa inumerável população também é agitado em todas as direções pelos movimentos ondulatórios oriundos de outra fonte. Os atos e as emoções de seres encarnados, os desejos e os movimentos consequentes dos seres etéricos produzem igualmente vibrações de luz, calor, eletricidade e, sobretudo, magnetismo. Tais vibrações, como sabemos, se propagam nesse meio, entrechocando-se sem se destruir e conservando-se em reflexos parciais na membrana do vortice superior, onde persistem por algum tempo conforme sua intensidade e definição. Assim, as formas etéricas ou o ato que as molda na matéria těm duração finita: a forças que as criam se exaurem ao agir sobre a massa na qual se insinuaram; perecem, diga mos assim, esgotadas pelas ondas do imenso oceano onde nasceram e são reabsorvidas pelo fogo astral. Entretanto, as influências que engen draram sobrevivem a elas e se propagam no astral, assumindo um esta do vibratório peculiar, modificam a condição desse meio compartilhado ao gerar linhas de força, novos hábitos e, com eles, novos desejos. Portanto, não há ser, gesto, ato ou pensamento especial que não contribua para a transformação do corpo astral do planeta e, por intermédio desse corpo, para a transformação das aspirações de seus habitantes. É desse modo que o astral registra todas as nossas manifestações vitais, atuando na biologia de nosso planeta como sua memória, para beneficio da evolução que acabamos de alcançar aqui.”
PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág. 244-246.
Capítulo 10