“(…) esse conceito de punição é muito defendido pela maioria dos pais. Pesquisas indicam que cerca de 80% dos pais norte-americanos acreditam sem reservas na eficácia do castigo físico para crianças. Essa é aproximadamente a mesma porcentagem dos que defendem a pena de morte para criminosos. Havendo uma parcela tão grande da população que defende a punição como justificável e necessária na educação de crianças, tive, ao longo dos anos, bastante oportunidade de discutir essa questão com os pais, e fiquei satisfeito em ver que consegui ajudar muitas pessoas a enxergarem as limitações de qualquer tipo de punição. Para tanto basta perguntar a si mesmo duas coisas.”
Pergunta número um: O que você quer que a criança faça de outro modo? Se pararmos nessa questão, pode parecer que em certas ocasiões a punição funciona, pois por meio de ameaça ou aplicação de castigo, certamente conseguiremos algumas vezes influenciar a criança a fazer o que queremos.
Contudo, ao acrescentar uma segunda pergunta, observei que os pais percebem que a punição nunca funciona: Quais são as motivações que queremos que a criança tenha para agir como desejamos? Essa segunda pergunta nos ajuda a ver que a punição não apenas é ineficaz, mas impede que nossos filhos façam as coisas pelos motivos que desejamos.”
ROSENBERG, Marshall. Criar Filhos Compassivamente: Maternagem e Paternagem na Perspectiva da Comunicação Não Violenta. São Paulo: Palas Athenas, 2020, pág. 16-17.