“(…) a textura da vida japonesa tronou-se tão imbuída de uma formalização significativa, que a existência do mínimo detalhe era uma expressão consciente da eternidade, sendo a própria paisagem um santuário. Da mesma forma, por todo o Oriente, por todo o mundo antigo e nas Américas pré-colombianas, a sociedade e a natureza representavam, para a mente, o inexprimível. “As plantas, as rochas, o fogo e a água estão vivos. Eles nos observam e veem nossas necessidades. Eles veem quando nada temos para nos proteger”, declarou um velho contador de histórias apache, “e é este o momento em que se revelam a si mesmos e se dirigem a nós”. Eis o que o budista denomina “sermão do inanimado.”
Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 160-161.