Como contar uma História

Ao contar uma história num palco, lembre-se de quatro pontos principais:

*Fundamente-a num personagem pelo qual a plateia possa sentir empatia.

*Construa tensão, seja mediante curiosidade, intriga social ou perigo real

*Dê o nível correto de detalhes. Se forem insuficientes, a história não será vivida; se forem excessivos, ela se arrastará.

*Termine com uma resolução satisfatória, seja ela engraçada, comovente ou reveladora.

(…)

Uma vez, quando eu tinha oito anos, meu pai me levou para pescar. Estávamos num barco minúsculo, a oito quilômetros da praia, quando caiu uma tempestade. Papai pôs um colete salva-vidas em mim e murmurou em meu ouvido: “Filho, você confia em mim?” Assenti. Ele me jogou para fora do barco. [Pau- sa.] Isso mesmo, sem brincadeira. Ele me jogou no mar! Caí na água e voltei à superficie, tentando respirar. A água estava incrivelmente gelada. As ondas eram assustadoras. Monstruosas. Em seguida, papai também mergulhou. Apa- vorados, vimos o barquinho virar e afundar. Mas papai me segurou o tempo todo, dizendo que tudo ia dar certo. Quinze minutos depois, chegou o helicóp- tero da Guarda Costeira. Eu soube depois que, como sabia que o barco estava danificado e iria afundar, papai havia chamado a Guarda Costeira, dando nossa localização exata. Achou que era melhor me jogar no mar do que correr o risco de ficarmos presos quando o barco virasse. E foi assim que aprendi o verdadei ro significado da palavra “confiança”

E eis aqui a forma como não se deve contar essa história:

Aprendi o que é confiança com meu pai, quando eu tinha oito anos e fomos apa nhados por uma tempestade quando estávamos pescando cavala. Ainda não tinhamos pegado nenhuma quando a tempestade caiu. Papai sabia que o barco ia afundar, porque era um daqueles barcos infláveis da marca Saturn, que em geral são bem fortes. Mas um dia esse tinha sofrido um furo, e papai achou que isso poderia acontecer de novo. De qualquer forma, a tempestade era forte demais para um bar- co inflável, e ele já estava se enchendo de água. Por isso, papai ligou para o serviço de salvamento da Guarda Costeira, que na época ficava à disposição 24 horas por dia, todos os dias da semana, ao contrário de hoje. Ele informou a nossa localiza- ção, e aí, para evitar o risco de ficarmos presos debaixo do barco, pôs um colete salva-vidas em mim, me jogou na água e depois também pulou do barco. Ficamos à espera da Guarda Costeira, e, de fato, quinze minutos depois o helicóptero apa- receu acho que era um Sikorsky MH-60 Jayhawk- e nos levou em segurança.

(…) Se você vai contar uma história, certifique-se de saber por que a está contando, elimine todos os detalhes desnecessários para demonstrar o que deseja e inclua informações que permitam aos ouvintes imaginar vividamente o que aconteceu.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 70-71.

Capítulo 2 – Ferramentas da Palestra: Narração.