“O mundo atual é muito pobre com respeito a um plano simbólico apto a estabilizar eixos temporais. A percepção simbólica como reconhecimento vislumbra o duradouro. Repetições aprofundam o ser. A percepção simbólica é livre da contingência. Nisso, ela se distingue da percepção serial, que toma conhecimento de uma informação após a outra. Dados e informações não têm nenhum poder simbólico.
O simbólico atua imediatamente na percepção. No âmbito pré-reflexivo, emocional, estético, ele influencia nosso comportamento e nosso pensamento. Símbolos produzem coisas comuns que tornam possível o nós, a coesão de uma sociedade. Só por meio do simbólico, do estético, forma-se o sentimento compartilhado.
(…)
A perda do sentimento compartilhado proporcionado pelo simbólico acentua a falta de ser. A comunidade é uma totalidade mediada simbolicamente. O vazio simbólico narrativo leva à fragmentação e à erosão da sociedade.”
HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa, ou sobre a inatividade. Ed. Vozes, 2023, Local 904-911.
A Absoluta falta de ser