O Imperador

“Correspondência Astrológica: Áries

Os imperadores gostam de listas, afinal elas impõem ordem às caóticas confusões da realidade.

1. Lei Social

A estrutura da sociedade, com suas regras e autoridades. Hierarquia e poder, ordem e controle. (…)O Imperador e o Hierofante, assim, formam uma aliança, talvez até mais forte que a sequência da Imperatriz e do Imperador, que representa qualidades opostas,embora complementares.

Tecnicamente, o Sacro Império Romano durou até 1806, embora sua influência e poder tenham diminuído há muito tempo. Mesmo assim, estamos falando de um poder de mil anos, como Roma antes dele o que não consi go não definir como “verdadeiro” Império Romano.

O rei Arthur com seu código de cavalaria no estilo “poder a serviço do que é direito” (…)Para os mais velhos, Franklin Roosevelt representava um Imperador moderno, um contraponto direto a Hitler e Stalin, com sua esposa Eleanor como um modelo de imperatriz.

2. Lei Divina

O aspecto masculino. Essa representação do Imperador aponta aos princípios aburatos da criação e ás leis universais ou cósmicas, como as quatro forças básicas da fisica.

Os cabalistas às vezes retratam Deus Rei – o aspecto masculino do ser divino desse modo, como um homem velho em um trono, mostrado de perfil. Tal figura não olha diretamente para nós, o que, portanto, cria certa distância. Os textos da Cabala muitas vezes co- gitam a ideia de encarar o divino “face a face”, em plena revelação, e quão avassaladora essa experiência seria. Na Bíblia, Moisés pede para ver Deus diretamente. YHVH, o Nome incognoscível e impronunciável, relacionado aos quatro naipes e as quatro Cartas da Corte em geral traduzido como “Deus” ou “Senhor”, embora “Infinito” possa ser uma melhor tradução – diz a Moisés que ele morrerá se encontrar Deus face a face.

Desde os primordios da compreensão humana sobre o simbolismo das coisas, o que remonta à antiga Idade da Pedra, uma fenda em uma rocha significa a entrada para o cor po da Deusa, a abertura vaginal de Gaia, a Deusa Terra, a fonte da vida e do renascimento. Assim, segundo o relato bíblico, Moisés se protege, se ancora, na própria Imperatriz para que possa testemunhar a passagem do Imperador.

No baralho de Marselha e outros, o Imperador tem as pernas cruzadas, formando o número quatro. Isso pode indicar o fato de ele governar o mun do fisico, pois podemos definir nossa existência em termos do número. Existem quatro forças na fisica gravidade, eletromagnetismo e duas forças nucleares. Há quatro estados da matéria sólido, líquido, gasoso e plasma e quatro pontos solares no ano dois equinócios e dois solstícios. Existem quatro direções planetárias, causadas pelo giro do planeta em um eixo que possui um polo norte e um polo sul, de modo que o sol parece nascer no Leste e se pór no Oeste. Há também quatro direções humanas – direita, esquerda, frente e atrás e quatro membros no corpo humano. (…) há quatro naipes nos Arcanos Menores, a parte do baralho que representa o mundo físico. Todos esses arranjos de quatro e as pernas cruzadas do Imperador do tarot apontam para a ideia de que são as leis divinas que governam o mundo material.

As três primeiras cartas depois do Louco formam a base da existência O Mago e A Sacerdotisa como princípios e A Imperatriz como a efusão da vida quando as très se combinam. (…) o Imperador, carta 4, significaria tanto as estruturas da natureza que mantém unidas essas dez mil coisas quanto as leis que as governam.

Na versão Rider, não há cubo. Em seu lugar, temos um trono com qua- tro cabeças de carneiro, símbolo de Áries, signo associado ao Imperador.

(…) o Imperador segura um bastão (…) No Rider, o orbe torna-se um “ankh”, ligando-o ao deus egipcio Osiris e, por fim, a Isis, pois o “ankh”, o nó da vida, pertencia a essa deusa. Isis como “mistério” conecta-se a Sacerdotisa, enquanto Ísis como “esposa e mãe dedicada” se transmuta na Imperatriz, de modo que agora compreendemos que o Imperador, apesar de todo o seu poder, não pode existir sem a Imperatriz.

(…) o Imperador não regar espada ou qualquer outra arma, o que nos leva a vê-lo como uma figara que renunciou à compulsão pelo poder e à violência, governando unicamente a partir de sua própria visão. “Onde há autoridade, isto é, onde está presente o sopro da magia sagrada preenchido pelos raios de luz da gnose advindos dos profundos fogos do misticismo, a compulsão é supérflua.”

(…)

Realização, efeito, desenvolvimento

Filho da Manhã, chefe entre poderosos. Imperador.

Lógica, experiência, sabedo ria, poder masculino.

O Imperador. Estabilidade, poder, proteção, realização, uma pessoa importante ou imponente, ajuda, razão, convicção, autoridade e vontade.

(…) Lévi (…) aproxima o trunfo quatro ao “Tetragrama”, o nome sagrado YHVH, e a ideia simbólica de quatro, ou quartenário.

3. Papai

Assim como A Imperatriz pode representar a mãe, seu parceiro pode evocar o pai. Em algumas leituras, o Imperador pode indicar os problemas de uma pessoa com seu pai, ou às vezes uma mãe que age como um Imperador, ou seja, de forma autoritária, severa, sempre enfatizando regras e costumes.

Todos nós nascemos anárquicos (…) Para muitas pessoas, as mães representam alimentação, conforto e intimidade, enquanto os pais podem encarnar o mundo exterior, com suas regras e perigos.

Para superar nosso medo/admiração do poder do Imperador, precisamos de alguma forma assimilá-lo. Precisamos nos tornar nosso próprio Imperador.

As pessoas podem ficar presas no nível do Imperador de duas maneiras. Elas podem obedecer a todas as regras, vivendo de forma altamen te planejada e nunca desenvolvendo sua própria personalidade, ou podem então se rebelar com frequência e quebrar todas as regras, sobretudo quando ainda não tomam suas próprias decisões.

O Imperador lidera uma triade de testes especiais para cada um dos três níveis de nossa existência. Abaixo dele vem a Justiça, na qual devemos enfren tar não a sociedade e suas regras, mas nossa própria verdade e nossas próprias ações. E abaixo da Justiça vem a Lua, a difícil jornada de volta, do mistério da noite à luz do sol da manhã.

(…)  do Impera dor e da Imperatriz(…) Júpiter e Juno (…) Zeus e Hera. Com seu fluxo de amantes e filhos divinos ou semidivinos, como o poderoso herói Hércules ou a bela Helena de Troia, seu principal significado é a sexualidade masculina agressiva.

(…) é como se dissessem que o deus age de modos misteriosos. Assim como podemos invocar Deméter ou Afrodite com A Imperatriz, O Imperador tem a capacidade de trazer o poder de Zeus até nossas vidas.

O Imperador se junta à Imperatriz, mas assim como na sequência das cartas, a deusa é mais velha, pois a terra existe desde sempre, enquanto belos e jovens reis se erguem e caem sucessivamente, como o falo masculino – o cetro supremo da autoridade do Imperador.

(…) as leis maiores e com a p´ropria estrutura da existência.

O arcano quatro pode significar uma pessoa poderosa, possivelmente benevolente, mas que espera obediência. As regras são as regras, pode ele ou ela afirmar. De forma mais ampla, a carta pode comunicar o poder da sociedade, suas leis e costumes, suas expectativas de conformidade e a ideia de que o todo ou o sistema importa mais do que os indivíduos.

Porém, há contextos nos quais o Imperador significa simplesmente a lei natural.

(…)pode significar a paternidade e sua importância na vida do consulente. Com cartas de dificuldade familiar, ele pode indicar um pai dominador. Com cartas de generosidade, no entanto, ele se torna um pai benevolente e amoroso.

Nas tiragens referentes ao trabalho, o Imperador pode apontar para o chefe, a empresa, as regras.

POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág. 99-109.

O Mago

“Hoje, as imagens mais populares desta carta mostram um jovem, sereno e poderoso, com um sinal do infinito acima de sua cabeça, que aponta sua varinha mágica para os céus como se estivesse invocando a própria energia divina. Na mesa diante dele, estão os quatro emblemas dos Arcanos Menores do tarot, como se ele fosse o mestre do mundo físico e do cosmos natural.

(…) o grande Mago da tradição moderna revela ter suas raízes em alguém que é, na melhor das hipóteses, um artista de rua e, na pior, um vigarista.

O Mago. O ser, a mente, o homem ou Deus, unidade; mãe dos números, a primeira substância.

No mundo divino, o Ser Absoluto que contém e de quem fluem todas as coisas possíveis; no mundo inte- lectual, a Unidade, o principio e a síntese de todos os números, no mundo fisico, o Homem, a mais elevada das criaturas vivas.

O Mago do Poder. (…) sabedoria, adaptabilidade, astúcia, sempre dependendo das cartas ao redor, estando ou não invertida. As vezes, sabedoria oculta. Também prática oculta.

O Mago. Habilidade, diplomacia, sutileza, armadilhas ini migas, o investigador mago, desgraça. se for masculino. Sentido invertido: Médico.

(…)

Todos os primeiros carto mantes supunham que O Mago se referia ao artista de rua, sendo apenas com Éliphas Lévi que seu sentido seria ampliado. 

Quando Antoine Court de Gébelin e o Conde de Mellet anunciaram o tarot como um livro de ensinamentos egípcios antigos em 1781, eles estavam se referindo à cidade helenistica de Alexandria, nomeada em homenagem a Alexandre, o Grande, e na qual as ideias e imagens gregas encontraram as egipcias. As tradições esotéricas que surgiram nessa época o periodo anterior ao Império Romano foram atribuidas ao deus egipcio Thoth, uma divindade associada à escrita, à magia, à res surreição dos mortos e à sabedoria de todos os tipos e origens.

Os alexandrinos eram gregos tanto quanto eram egípcios, e por isso liga- ram Thoth a um deus da Grécia com atributos semelhantes, Hermes, chamando-o de Thoth-Hermes, ou Hermes Trismegisto Hermes Trés Vezes Grande. Hermes Trismegisto era um deus, mas também um grande sábio. sendo associado ao lendário autor de um complexo conjunto de textos sa- grados conhecidos coletivamente como “Hermética”.

Para citar o fao Te Ching mais uma vez: “Do Tao vem a Um”. Em outros termos, é como se a unidade do Mago, carta 1, emergisse – magicamente – do Nada sem for- ma do Louco. O maior ato de magia, nos diz o autor Alan Moore, é fazer algo surgir do nada.

(…) os gregos não visualizavam Hermes como algo remoto, grandioso ou inacessível, como se estivesse sentado em algum trono alto. Em vez disso, Hermes era o deus da sabedoria e do conhecimento que não são a mesma coisa -, e faz sentido que os alexandrinos posteriores vissem Thoth e ele como a mesma divindade. (…) O Mago com sua varinha é o principal símbolo de energia masculina do tarot – além de um ladrão.

Quando Zeus ordena que Hermes faça as pazes com Apolo, o deus lhe presenteia com a lira. No mundo antigo, Apolo era conhecido como o deus da música, pois os sons harmoniosos eram entendidos como a própria essência da razão e do intelecto. Porém, não há beleza em uma harmonia que não esteja acompanhada de inspiração, aquele clarão de luz vindo das profundezas. E assim, mais uma vez, temos O Mago como energia criativa dinâmica. Na sequência do mito, Zeus então pergunta a Hermes o que ele gostaria de governar. Sabendo bem que Apolo governa o grande Oráculo de Delfos, o atrevido Hermes pede para ser encarregado da voz da profecia. Zeus se recusa, mas então Apolo nos informa algo digno de nota. A visão profética pode vir de fora, mas há formas de adivinhação que são mais antigas que a profecia, a das três irmās, as Moiras por exemplo, que eram desde o passado longinquo hábeis em predizer o futuro, isso quando o próprio Apolo ainda estava aprendendo a fazer isso. Foi assim que Hermes tornou-se o deus da prática que domina nosso uso moderno do tarot, a adivinhação.

Nos últimos anos, a adivinhação do tarot tornou-se psicologizada, ou seja, as cartas são vistas como ilustrativas de estados psicológicos ou emocionais. Poderíamos dizer, por exemplo, que O Mago simboliza a energia criativa ou que A Imperatriz representa fortes emoções. (…) Karl Kerényi, um dos grandes estudiosos do século passado de mitologia e cultura grega, des creveu a capacidade de Hermes de olhar para a tartaruga e “ver através de seu estado como animal em direção a seu estado futuro como instrumento musical. Essa qualidade divina, ou mágica, de “ver através das coisas e per ceber seu potencial é exatamente o que acontece em uma leitura de tarot. Deitamos as cartas e, inspirados por suas imagens, vemos além de sua situa ção presente em direção aquilo que provavelmente acontecerá a partir delas.

No simbolismo tradicional do tarot, O Mago representa o princípio masculino ativo, leve, direro, ascendente, tendendo à unidade, ao conscien- o racional- -, enquanto A Sacerdotisa representa o principio feminino te e ao – receptivo, escuro, úmido, descendente, indicando complexidade, inconsciência e intuição.

(…) “positivos” e “negativos”.

A própria imagem do número um seja como o algarismo arábico 1 ou o romano I- sugere o órgão masculino, ereto e potente, assim como a repre sentação romana de dois, II, sugere a entrada no útero feminino, onde nasce uma nova vida.

O tarot usa um sistema simbólico muito antigo no qual imagens de homens e mulheres representam qualidades particulares de ambos os géneros. Ao mesmo tempo, os ensinamentos esotéricos sempre entenderam, mesmo quando a socie dade acreditava em rigidos papéis de gênero, que a verdadeira realização está na integração da energia masculina e da feminina.

Um dos beneficios das leituras do tarot é sua capacidade de nos mostrar quais aspectos de nós mesmos estão ativos em um determinado momento.

O número do Mago, o I em algarismo romano, implica o eu conscien- te, o ego que é a palavra latina para “eu”. Ao mesmo tempo, a magia, incluindo a da adivinhação, é perceptível quando permitimos que a energia do universo adentre nosso âmago para então direcioná-la para a manifesta ção no mundo fora de nós. A capacidade de nos tornarmos uma espécie de portal aberto para a energia mágica da adivinhação ou qualquer outra “magia” é simbolizada pela postura do Mago, sua varinha levantada aos céus e seu dedo apontado ao chão. (…)Quase todas as pessoas criativas dirão que, quando o trabalho está indo bem, é como se não o estivessem fazendo. Antes, como se alguma força ou energia estivesse se movendo através delas. em um fluxo, e elas atuassem como o canal para trazer o trabalho ao mun do fisico. Com nossa ênfase moderna na “propriedade intelectual o que coriosamente corna até mesmo a criatividade um ramo do capitalismo- muitos de nós consideram essas declarações pitorescas ou curiosas. (…)

É provável que povos mais antigos compreendessem a magia da criatividade melhor do que nós, vendo-a como um fluxo de energia simbolizado na própria postura do Mago.

Tente ficar nessa posição. Pegue uma vara, uma caneta ou uma varinha mágica de verdade, e levante-a com uma das mãos enquanto a outra apon- ta para a terra. Observe como o seu peito se abre, fazendo com que respire mais profundamente. Agora, feche os olhos e permita-se sentir a energia se movendo através de você, vindo de cima, do mundo sem forma do espírito, para baixo, ao mundo sólido da matéria. Em uma leitura, O Mago simboliza grandes possibilidades criativas e transformacionais.

O corpo do Mago também simboliza a grande verdade hermética “Como acima, assim abaixo”.

Nossas vidas singelas, que muitas vezes podem parecer aleatórias ou sem sentido, constituem na verdade uma parte orgánica do cosmos.

(…)

O sinal de infinito acima da cabeça do Mago – também conhecido como “lemniscata” – simboliza a verdade de que a vida é eterna, não tendo nem começo nem fim, de que nada é verdadeiramente destruído, mas apenas modificado em sua forma. “A energia não é nem criada nem destruída” diz a lei fisica da conservação de energia. (…) Paul Foster Case, em seu livro The Tarot (O Tarot), diz que a tradição oculta atribui o número oito a Hermes Trismegisto, o transmissor dos ensinamentos divinos.

Geralmente, em uma leitura, o Mago significa consciência, vontade e poder transformador ou criativo. Sugere que, de alguma forma, a magia está presente em nossas vidas, ou que temos a capacidade de provocar ou produzir uma mudança mágica. (…) isso pode indicar a necessidade de aproveitarmos essa explosão de energia, esse fluxo de entusiasmo. (…) É uma carta muito auspiciosa para um artista, um escritor ou um performer, pois ela simboliza a própria criatividade.

Como carta de número um, ela pode indicar o início de algo – e um começo muito positivo -, em particular os primeiros passos concretos para tornar esse início algo real e a vontade necessária para levá-lo adiante.

Pense na postura do Mago como um para-raios. Se permitir que a energia passe por ele e seja concretizada em ação, decisão ou obra, experimentará um mágico deleite. Por outro lado, caso resista a fazer isso, a energia ficará represada em seu interior, prejudicando seu próprio sistema.”

POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág.63-75.

Vontade e Palavras

“Existem ritos e conjurações para invocações bem-sucedidas. Os latinos chamavam de carmina, os hebreus os chamavam de salmos, os italianos nos, feitiços.

As vibrações que colocam o éter em movimento no mundo da matéria muito fina são rítmicas por sua própria natureza.

Palavras são articulações de notas musicais produzidas com a boca, uma espécie de trompete cujo som é modulado à vontade. Cada nota correspondente a uma sílaba ou letra tem um valor vibratório no éter.

As palavras agem de forma tangível, como todos os sons, sobre o aparelho auditivo das pessoas sensíveis.

Certos sons produzidos de uma forma específica tem uma ação poderosa sobre a psique humana, como um ímã sobre o ferro.

Portanto, a palavra ou o som rítmico tem um efeito poderoso e tangível sobre coisas vivas. A canção de ninar da avó traz o sono para a criança no berço, a criança que ainda não se tornou consciente de anti-

gas ideias transportadas de suas vidas passadas e sobre quem o canto atua de forma mecânica.

A palavra, portanto, é uma força.

Ariel é invocado, ou pode ser invocado, por meio de palavras poderosas.”

KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.239.

Terceira Parte

O Catecismo dos primeiros Estágios da Magia

A sociedades apontam o caminho

“Não é necessário, repito, pertencer a nenhuma sociedade em particular para aprender sobre ocultismo; qualquer um pode fazer isso sozinho, e as sociedades devem apenas apontar o caminho que o aluno vai seguir.

Em todas as épocas, o poder entendeu que só conseguiria governar o homem subjugando seu intelecto.

Fazer com que o aprendizado sirva exclusivamente às suas próprias ideias é o objetivo de todos os regimes despóticos.

Sempre houve rebeldes que opuseram os ensinamentos da Unidade aos ensinamentos parciais do déspota.

Impedir que o poder viole a iniciação – esse é o eterno objetivo da autoridade.

(…)

Toda a história nos diz que o palácio nunca suprimirá o templo; que o templo não poderá subsistir se tentar exercer concomitantemente poder e autoridade.

No corpo humano, síntese do mundo, o poder é exercido pelo coração; autoridade, pelo cérebro. O coração não demora muito a parar quando afastado influência dos nervos.”

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág.275-276.

Capítulo 11

L P D

L      P…      D

“Suponhamos que eu tenha conseguido descobrir o significado da primeira letra, Liberdade, minha suposição é confirmada por um triângulo com o vértice para cima, representado pelos três pontos situados logo depois dele, e agora procuro o significado da letra D.

Segundo o método de oposição, sei que essa letra, sendo oposta à primeira, terá significado contrário ao da primeira letra, Liberdade; esse significado deve, portanto, referir-se à ideia de necessidade. Entretanto, o triângulo apontando para baixo, indica que essa necessidade é passiva em sua manifestação, e a ideia de Dever toma logo o lugar da letra D.

A reação entre o Le o D resulta em Poder.

(…) opostos com diferentes cores (…) formas diferentes, como a boca e a cauda da serpente (…) ou, ainda, atribuindo-lhes direções diferentes.

Em oposição

-Cores

-Formas

-Direções 

O quaternário é literalmente designado por quatro letras hebraicas:

-A primeira, (Yod), representa o ativo.

-A segunda, (He), é a imagem do passivo.

-A terceira, (Vau), representa o vínculo que liga os dois.

-Por fim, a quarta, (He), é a repetição da segunda letra e indica a perpetuidade das criações de Osíris-Ísis.

(…) ativos (Yod e Vau) estão na mesma linha vertical. Os elementos passivos estão mesma linha horizontal.

A Vara imagem do ativo, representando o Yod.

A Taça côncava, imagem do passivo, representando o primeiro He.

A Espada representa o Vau.

O Disco representa duas taças sobrepostas e, portanto, 2 vezes 2, indicand a repetição do He.

Esses são os elementos, imagens do absoluto, que ilustran cartas de jogo:

Vara ou Bastão

Taça ou Coração

Espada ou Sabre

Disco ou Diamante

PAPUS.Tratado elementar de ciências ocultas, Ed. Pensamento, 2022, Pág. 129-130.

Capítulo 6

A relação entre direito e poder

“Mas compreendi logo que me tinha feito a pergunta, não como investigador da natureza e físico, mas como amigo da humanidade, respondendo ao convite da Sociedade das Nações (…)

Começa com a relação entre direito e poder (…).

Os conflitos de interesses entre os homens são, em princípio, solucionados mediante o recurso à força. Assim acontece em todo o reino animal, do qual o homem não se deveria excluir; mas, no caso deste, acrescentam-se ainda conflitos de opiniões que atingem as maiores alturas da abstração e parecem exigir uma outra técnica para a sua solução. Mas isto é só uma complicação relativamente recente. Inicialmente, na pequena horda humana, a maior força muscular era a que decidia a quem deveria pertencer alguma coisa, ou a vontade que se deveria levar a cabo. A força muscular cedo é reforçada e substituída pelo uso de instrumentos; vence quem possui as melhores armas ou as emprega com maior habilidade. Com a introdução das armas, a superioridade intelectual começa já a ocupar o lugar da força muscular bruta, mas o objetivo final da luta persiste o mesmo: pelo dano que se lhe inflige ou pela aniquilação das suas forças, uma das partes em litígio é obrigada a abandonar as suas pretensões ou a sua posição.”

FREUD, Sigmund. Porquê a Guerra? – Reflexões sobre o destino do mundo, Ed. Edições 70, 2019, pág.63-64.

Reflexões a dois sobre o destino do mundo (1932)

“Carta de Freud a Einstein”

O prazer de odiar e de destruir

“(…) A sede de poder da classe dominante é em cada Estado contrária a qualquer limitação da soberania nacional. Este desmedido desejo de poder político concilia-se com os objetivos de quem procura somente vantagens mercenárias e econômicas.

(…) Uma resposta óbvia a esta questão seria a de que a minoria daqueles que, de vez em quando, detêm o poder, tem nas mãos, primeiro de tudo, a escola e a imprensa e, na maior parte dos casos, também as organizações religiosas. Isto é, é-lhes permitido organizar e desviar os sentimentos das massas, tornando-as instrumentos da própria política.

(…)como é possível que as massas se deixem inflamar pelos meios referidos, até ao holocausto de si próprias? Impõe-se uma única resposta: é porque o homem tem dentro de si o prazer de odiar e de destruir.

(…)

Existe a possibilidade de dirigir a evolução psíquica dos homens de modo a tornarem-se capazes de resistir às psicoses do ódio e da destruição?”

FREUD, Sigmund. Porquê a Guerra? – Reflexões sobre o destino do mundo, Ed. Edições 70, 2019, pág.61-62.

Reflexões a dois sobre o destino do mundo (1932)

“Carta de Einstein a Freud”

O prazer de matar

“Note-se que os povos primitivos ainda existentes na Terra, mais próximos do que nós do homem primordial, se comportam neste ponto de modo muito diferente ou se comportaram, enquanto não sofreram a influência da nossa cultura. O selvagem – australiano, bosquímane ou o habitante da Terra do Fogo não é nenhum assassino sem remorsos; quando regressa vencedor da luta não lhe é lícito pisar a sua aldeia nem tocar na sua mulher, antes de ter resgatado os seus homicídios guerreiros com penitências, por vezes, longas e penosas. Naturalmente, a explicação desta superstição é evidente; o selvagem teme ainda a vingança dos espíritos dos mortos. Mas os espíritos dos inimigos chacinados são apenas a expressão da sua má consciência por causa dos seus homicídios; por trás desta superstição oculta-se um fragmento de sensibilidade ética que nós, homens civilizados, perdemos.

Uma proibição tão forte só pode elevar-se contra um impulso igualmente poderoso. O que nenhuma alma humana deseja não precisa de ser proibido, exclui-se por si mesmo. A acentuação do mandamento «Não matarás!>> garante-nos justamente que descendemos de uma longuíssima série de gerações de assassinos, que tinham no sangue o prazer de matar, como talvez ainda nós próprios.”

FREUD, Sigmund. Porquê a Guerra? – Reflexões sobre o destino do mundo, Ed. Edições 70, 2019, pág. 46-47.

Considerações atuais sobre a guerra e a morte (1915)
“A nossa atitude diante da morte”

Trunfos preciosos

“Ao mesmo tempo, esses trunfos, que se apresentam ao jogador para ajudá-lo a triunfar sobre o adversário, poderiam muito bem ser preciosos do ponto de vista simbólico, pois lhe serviriam como suporte de reflexão para ajudá-lo a triunfar na vida, quer esse jogador seja um pr´íncipe (pois, como vimos, no início esse jogo parece ter sido criado para o divertimento e a educação dos homens do poder), quer um homem mais modesto.

Quais seriam os trunfos preciosos para um homem dessa época? Já discorremos a respeito no que se refere aos príncipes: o poder (o Imperador), o apoio da Igreja (o Papa), uma esposa bem-nascida (a Imperatriz), o exercício de algumas faculdades como a habilidade (o Mago) e algumas virtudes (a Força, a Justiça, a Temperança). Abordaremos esse tema com mais detalhes, porém vale notar, por exemplo, que já na Idade Média as figuras de poder (reis, bispos), ou seja, pessoas designadas para comandar os outros, apareciam cercadas por essas virtudes, que, por sua vez, eram apresentadas como sempre necessárias na arte de bem governar. O que mais deveria fazer todo homem da época para bem governar e, em sentido mais amplo, ter éxito em sua vida? Ele deveria ter consciência do tempo que passa (o Eremita) e da impermanência das coisas (a Roda da Fortuna); não sucumbir à tentação e seguir pelo caminho da virtude (o Enamorado); permanecer humilde perante a ideia de que a morte vence todas as coisas, tanto os ricos quanto os poderosos (o arcano XIII), às vezes de maneira desonrosa para quem não é leal (o Pendurado); nunca se esquecer de que a mão de Deus pode incidir a qualquer momento (a Casa de Deus); temer o Maligno (o Diabo) e, assim, ter acesso aos céus (o Sol, a Lua, a Estrela); esperar a eternidade (o Julgamento) e a gloria (o Mundo).

Para resumir novamente, podemos dizer que esse conjunto contém representações da condição humana desde tempos imemoriais o poder, a mulher, a religião, o amor, a vitória, a derrota (ou a traição), a morte, o bem (as virtudes), o mal, o inferno, o paraíso, a terra, o ceu, com o sol e a lua.”

NADOLNY, Isabelle. História do TarôUm estudo completo sobre suas origens, iconografia e simbolismo. Ed. Pensamento, 2022, pág. 93.

A negatividade é vivificante

“Justamente a negatividade é vivificante. Ela nutre a vida do espírito. O espírito obtém a sua verdade apenas ao encontrar a si mesmo na absoluta rasgadura. Apenas a negatividade do rasgo e da dor mantém o espírito vivo. O espírito é “esse poder”, “não como o positivo que olha para longe do negativo”. Ele é “esse poder apenas ao olhar o negativo nos olhos e se demorar nele”. Hoje, fugimos desesperadamente do negativo, em vez de nos demorarmos nele. O aferrar-se ao positivo reproduz, porém, apenas o igual.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 481.

Angústia