Os poemas

“Os poemas também são estruturas de forma rígida que brilham para si. Em geral, não comunicam nada. É o excedente, o luxo do significante que os caracteriza. Desfrutamos sobretudo sua perfeição da forma. Nos poemas, a linguagem joga. Por esse motivo, hoje não temos mais lido poemas. Poemas são cerimônias mágicas da linguagem. O princípio poético restitui à linguagem o desfrute, na medida em que quebra radicalmente com a economia da produção de sentido. O poético não produz.”

HAN, Byung-Chul.O desaparecimento dos rituais: Uma topologia do presente. Ed. Vozes, 2021, Local 888.

Império dos Signos

Comunicação sem limite

“(…) o poema Barreira linguística, de Paul Celan, trata da experiência da estrangeiridade: “Fosse eu como tu. Fosses tu como eu. / Não estaríamos então / Sob um alísio. / Somos estrangeiros. // Os azulejos, lá, / Densamente lado a lado, ambos / riem sombriamente: / dois silêncios de boca cheia”

Hoje nos entregamos inteiramente a uma comunicação sem limites. Somos praticamente atordoados pela hipercomunicação digital. A barulheira da comunicação não nos faz, porém, menos solitários. Ela, talvez, nos torna ainda mais solitários do que barreiras linguísticas. Além da barreira linguística, há sempre um tu. Ela preserva ainda a proximidade da distância. A hipercomunicação, em contrapartida, destrói tanto o tu como também a proximidade. Relações são substituídas por conexões. A ausência de distância suprime a proximidade. Dois silêncios de boca cheia poderiam conter mais proximidade, mais linguagem do que a hipercomunicação. O silêncio é linguagem; a barulheira da comunicação, em contrapartida, não é.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 603-607.

Alienação