“Hoje, os bens de consumo acabam no lixo tão rapidamente porque não os possuímos mais. A posse é internalizada e carregada de conteúdo psicológico. As coisas em minha posse são um recipiente de sentimentos e memórias. A história que se acumula com o uso prolongado as anima em coisas do coração. Mas somente coisas discretas podem ser animadas em coisas do coração por meio de um vínculo intenso e libidinoso. Os bens de consumo de hoje são indiscretos, intrusivos e tagarelas. Eles já estão sobrecarregados com ideias e emoções preconcebidas que se impõem ao consumidor. Quase nada da própria vida entra neles.”
HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 305.
Da posse à vivência