” 10 -Correspondência Astrológica: Júpiter.
(…) ele sonha e vẻ uma grande roda, e em cima dela um rei barbudo em seu trono, uma figura forte e magnífica. Então a roda gira e, como o rei se prendeu a ela, quando chega ao fundo, ela o esmaga.
(…) o rei representa o ano, embora em geral ciclos mais longos de, digamos, sete anos. Aqui, “representa” não significa uma metáfora intelectual. Nas velhas formas de pensar, o símbolo é real uma identidade genuína.
Joseph Maxwell, em seu livro sobre o tarot de Marselha, conecta a carta 10 astrologicamente Trópico de Capricórnio, quando o sol atinge o ponto mais baixo do ano – o solstício de inverno.
A Roda é a carta 10 e o Julgamento é a 20, como se partissemos de uma noção de realidade única do tempo mortal para uma verdade mais elevada.
A Roda pode simbolizar o tempo cíclico. Tudo gira, e o que está em cima desce e o que está embaixo sobe, para sempre, ou pelo menos pela vida da Terra.
Outro tipo de tempo cíclico é a ideia hindu e budista da roda da reencarmação, na qual passamos vida após vida, às vezes mais alto, ás vezes mais baixo.
O Tarot Egípcio, seguindo as ideias de Paul Christian, apresenta a esfinge como uma imagem de sabedoria espiritual, ao mesmo tempo em que interpreta as criaturas presentes nas laterais de uma perspectiva mais mitológica (…) Na versão Rider, as figuras nas laterais ficam mais explícitas. A cobra à esquerda e uma forma de Tifão, o nome grego para Seth, o deus egípcio da destruição e o assassino de Osíris. A direita, por sua vez, vemos um homem com cabeça de chacal, o deus Anúbis, filho de Osíris, que com Ísis e sob a direção de Thoth devolve a vida ao pai. Anúbis leva os mortos para o salão da Justiça (…)
Na própria Roda vemos alternadas letras hebraicas e romanas. O hebraico setragrama, Yod-Heh-Vav-Heh, o nome todo poderoso “traduzido” como “Senhor”.
As quatro letras romanas ilustram como teremos mais oportunidades se encararmos a vida como uma roda, em vez de a definirmos como linha reta. (…) ROTA TARO ORAT TORA ATOR. A Roda (latim “roca”) do tarot (taro) fala (latim “orat”) da lei (hebraico “Tora”, em geral escrito “Trah”) do Amor (de “ator”, ou Hathor, uma deusa egípcia semelhante a Afrodite).
Dentro de seu aro e conectados aos pontos cardeais marcados pelas letras tomanas, vemos os sinais alquímicos de sal, água, enxofre e mercúrio. Juntos, eles prometem que podemos transformar os intermináveis ciclos e voltas da Roda do Destino.
Na carta do Mundo, vemos essas criaturas de forma realista; na Roda, como desenhos animados ou cartuns. Estamos na metade dos Arcanos Maiores e chegamos a certo nível de conhecimento e experiència, mas muito ainda permanece oculto, simbólico. No final da jornada, nossa visão será mais clara. O mito é a penúltima verdade”, escreveu Ananda Coomaraswamy, enquanto Paulo, em 1 Coríntios, nos diz: “Hoje, vemos como através de um espelho obscuro. No futuro, veremos face a face”.
As próprias criaturas dessa carta revelam camadas de significado que apenas uma imagem pode transmitir. Os livros sugerem, por exemplo, os “quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João – devemos lembrar que Waite
A grande visão de Ezequiel da Merkabah, ou Carro veja a carta 7, O Carro descreveu esses mesmos quatro animais como marcando os quatro cantos da carruagem celestial.
Ezequiel teve sua visão na Babilonia. Embora os hebreus tenham sofrido muito no exilio, eles também aprenderam várias coisas, em particular astrologia. Em última análise, as quatro criaturas representam os signos de Aquário (o humano), Escorpião (a águia), Leão (o leão) e Touro (o touro). Há 4 mil anos, esses eram os sinais dos solstícios e dos equinócios. À medida que o zodiaco foi mudando, eles ficaram conhecidos como os quatro “signos fixos”. Essa sutil referência ao zodíaco nos direciona ao tempo cósmico, aos movimentos das estrelas e dos planetas. Mas também ao tempo da própria Terra, pois os signos fixos representam as estações do ano, com Leão como verão, Escorpião como outono, Aquário como inverno e Touro como primavera.
(…) Platão chamou de Grande Ano. (…) Grande Ano: 25.920 anos. (…) Os babilonios usavam o número sessenta como número base para a astrologia; 25.920 dividido por 60 é 432. A cosmologia hindu descreve quatro eras, ou yugas, de existência, cada uma com 432 mil anos, e quando todas as quatro se esgotarem, o mundo terminará, apenas para recomeçar após um grande período de descanso.
Por sua vez, o número 432 sugere uma pirâmide invertida. Se completarmos essa pirámide adicionando o um (para a totalidade da existência), obtemos:
XXXX
XXX
XX
X
Comece a contar pelo final e teremos 1-2-3-4-10, A Roda da Fortuna.
A terceira tríade é constituída pela Imperatriz acima, pela Roda da Fortuna no meio e pela Estrela abaixo. Vimos como a Imperatriz nos mostra Demeter, deusa das coisas que crescem e mãe no mito de Perséfone. Na Estrela, encontramos a filha, Perséfone, raptada pela Morte para se tornar consorte, que agora passa parte de cada ano entre os vivos e parte entre os mortos. No meio, está a Roda das Estações, que marca a oscilação entre tempos frutíferos e tempos estéreis (…)
(…)
À direita, vemos Hermanúbis o deus greco-egípicio composto por Hermes e Anúbis com cabeça de cão, o Espirito do bem, esforça-se para subir ao topo da roda. A esquerda, Tifão o conjunto greco-egípicio, o espírito do Mal, é derrubado. A Esfinge, equilibrada no topo noda, segura uma espada em suas patas de leão, personificando sempre pronto para atacar à esquerda ou à direita.
Por fim, um último símbolo, fundamental, que é o centro literal de uma roda: tudo em uma roda gira constantemente para cima ou para baixo, nada permanece o mesmo, exceto o eixo. Em outras palavras, nosso verdade centro permanece sempre constante, apesar das mudanças externas. (…) chama o centro da roda de “o núcleo do nosso ser”.(…) Lao-tzu escreve no Tao Te Ching “Trinta raios se unem de uma roda. Uma roda é útil porque seu centro está vazio.
(…) a roda gira, a vida muda e algo novo surge.”
POLLACK, Rachel.Bíblia Clássica do Tarot, Darkside, 2023, Pág.163-172.