Contemplação no retiro

“Certa ocasião, o bem-aventurado e venerável pai São Francisco afastou-se das multidões que todos os dias acorriam cheias de devoção para vê-lo e ouvi-lo e procurou um lugar calmo, secreto e solitário para poder se entregar a Deus e limpar o pó que pudesse ter adquirido no contato com as pessoas. Costumava dividir o tempo que tinha recebido para merecer a graça de Deus e, conforme a oportunidade, consagrar uma parte ao auxílio do próximo e outra à contemplação no retiro.

Passado algum tempo nesse lugar e tendo conseguido, por uma oração contínua e uma contemplação frequente, uma inefável familiaridade com Deus, teve vontade de saber o que o Rei eterno mais queria ou podia querer dele. Buscava com afã e desejava com devoção saber de que modo, por que caminho e com que desejos poderia aderir com maior perfeição ao Senhor Deus segundo a inspiração e o beneplácito de sua vontade.”

Frei Tomás de Celano. Primeira Vida: Vida de São Francisco de Assis Escrita em 1228 D.C, Ed. Família Católica,2018, Local: 1283-1290.

SEGUNDO LIVRO

Capítulo 2- O maior desejo de São Francisco.

Retiro para um mosteiro

“Escondia com cuidado as austeridades aos olhos dos criados aos quais estava confiada. Todavia, surpreenderam-na mais de uma vez meditando na paixão do Salvador, e derramando abundantes lágrimas. Aos treze anos, quis deixar o mundo e retirar-se para um mosteiro, para amar a Deus, à vontade.”

Santa Catarina de Gênova. Tratado do Purgatório, Ed. Santa Cruz, 2019, Local: 60.

Breve Biografia

Acolhimento

“Uma vez, durante um retiro difícil no qual muitos pensamentos e emoções turbulentas seguiam surgindo em minha prática, meu professor, Dzigar Kongtrul Rinpoche, me explicou que as perturbações que encontrei vinham de uma resistência sutil que eu tinha em relação à minha experiência. Rinpoche me fez recordar que a atitude a ser adotada na prática é a de oferecer respeito e gratidão à mente e à experiência. Quando respondemos a qualquer coisa que surge com julgamento ou agressão, experimentamos a dor disso. Na vez seguinte em que eu sentei para praticar, parei de rejeitar minha experiência, de evitá-la. Surpreendi-me ao ver quanta diferença fazia. Era apenas um pequeno ajuste, mas ainda assim senti como se uma carga enorme houvesse sido liberada.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 66.

Compreensão e Iluminação

A negação retira a consciência do nosso desconforto, buscando a liberação sem levar em conta nossa experiência. Isso soa familiar? O Buda abandonou seu retiro na floresta por ter compreendido que o desenvolvimento espiritual não seria possível por meio da negação do mundo físico, dos pensamentos, das emoções e percepções. Em outras palavras, ele entendeu que atingir a iluminação não será possível se rejeitarmos e negarmos os acontecimentos que são a nossa vida em si.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 65.

Separação e Transfiguração

“O professor Toynbee utiliza os termos “separação” e “transfiguração” para descrever a crise por intermédio da qual é atingida a dimensão espiritual mais elevada que possibilita a retomada do trabalho da criação. O primeiro passo, a separação ou afastamento, consiste numa radical transferência da ênfase do mundo externo para o mundo interno, do macrocosmo para o microcosmo, uma retirada, do desespero da terra devastada, para a paz do reino sempiterno que está dentro de nós”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 27.