Onde Situavam-se os Santuários Essênios

“Não eram, propriamente, edifícios construídos nas cristas dos montes; tais santuários eram escavados, com certo capricho, no interior das minas abandonadas, das grutas e distantes das cidades principais. Ali os servidores instalavam essas comunidades primando sempre pela higiene e estética, muito ao gosto dos Essênios que até no vestir preferiam a cor branca; só em casos excepcionais usavam um manto de lã azul escuro sobre os ombros, também adotado por Jesus. Eram anacoretas de vida cenobítica, mas criaturas sensatas, afeitas ao banho diário nos rios e cascatas, ao cuidado do cabelo e da barba, apreciadoras dos óleos aromáticos, gosto bastante generalizado. Eram cultores do conhecimento esotérico, mas sumamente equilibrados em suas atividades messiânicas; limpos, sadios e joviais, distantes dos tradicionais profetas relaxados em matéria de limpeza e higiene e sempre excomungando os homens e o mundo.

Seus santuários eram limpos, claros e agradáveis, com tapetes trançados de cordas e feitos pelos próprios Essênios. Existia um salutar sistema de ventilação responsável pela fluência do ar puro dos campos, do odor delicioso dos frutos de outono, ou do perfume agreste das flores da primavera. Não eram criaturas epicurísticas usufruindo dos bens do mundo, porém, espíritos sábios que se cercavam do conforto natural e apreciavam os ensejos agradáveis da boa música e da arte, certos de que Deus jamais pedia a fuga do homem das atividades do mundo educativo em que Ele próprio sempre estava presente.”

RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 302.

 

Cerimônia do Chá e o Sermão do Inanimado

“(…) a textura da vida japonesa tronou-se tão imbuída de uma formalização significativa, que a existência do mínimo detalhe era uma expressão consciente da eternidade, sendo a própria paisagem um santuário. Da mesma forma, por todo o Oriente, por todo o mundo antigo e nas Américas pré-colombianas, a sociedade e a natureza representavam, para a mente, o inexprimível. “As plantas, as rochas, o fogo e a água estão vivos. Eles nos observam e veem nossas necessidades. Eles veem quando nada temos para nos proteger”, declarou um velho contador de histórias apache, “e é este o momento em que se revelam a si mesmos e se dirigem a nós”. Eis o que o budista denomina “sermão do inanimado.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 160-161.

Templos

(…)

“Em geral, esses templos são projetos para simular as quatro direções do horizonte do mundo; o santuário ou altar, colocado no centro, simboliza o Ponto Inextinguível. Aquele que penetra no complexo do tempo e se encaminha para o santuário imita a façanha do herói. Seu objetivo é repetir o padrão universal, como forma de evocar, dentro de si mesmo, a lembrança da forma de convergência e renovação da vida“.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 47.