A Simplicidade dos Ensinamentos

“(…) empolga-nos reconhecer que a mesma doutrina, cujas bases Jesus assentou na rudeza e simplicidade de um Pedro, na sublimação de Madalena e na sinceridade do publicano Mateus, mais tarde, gerou um Agostinho, discípulo apaixonado de Platão e cuja eloquência, ao expor a Teologia Cristã, abalou Roma e Cartago; ou ainda, o maior filósofo da Igreja, como é Tomás de Aquino, um dos maiores gênios da Idade Média na propaganda do Catolicismo. Mas prevendo também o perigo do intelecto desgarrar-se em demasia e depois formalizar o Evangelho acima do coração humano, aristocratizando em excesso o clero responsável pela ideia cristã, o Alto recorre então ao mesmo espírito que fora o apóstolo João e o faz renascer, na Terra, para viver a figura admirável de pobreza e renúncia de Francisco de Assis. Assim, o calor cordial do sentimento purificado e a abdicação aos bens transitórios do mundo, vívidos pelo frade Francisco de Assis, reativaram novamente a força coesiva e poderosa que cimentou as bases do Cristianismo nas atividades singelas de pescadores, camponeses, publicanos e gente de mau viver. Na comunidade da própria Igreja Católica, transformada em museu de granito e mármore, cultuando as quinquilharias de ouro e prata entre a púrpura e o veludo dos sacerdotes, o Alto situou Francisco de Assis, convidando todos os eclesiásticos à volta do Cristo-Jesus da simplicidade, da renúncia e do amor.”

RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 183.

Sábios

“Declaração Tomás de Aquino: “Reserva-se o nome de sábio apenas àquele cuja consideração é o fim do universo, fim esse que é também o início do universo”. Eis o princípio básico de toda a mitologia: o início no fim. Os mitos da criação são permeados por um sentido de predestinação que reivindica ao imperecível todas as formas criadas, cujo primeiro aparecimento teve esse mesmo imperecível como fonte.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 264.

Não Saber é Saber

“Pois somente conhecemos verdadeiramente a Deus”, escreve São Tomás de Aquino”, “quando acreditamos que Ele se acha além de tudo o que o homem possivelmente seja capaz de pensar de Deus”. E no Kena Upanishad, nesse mesmo espírito: “saber é não saber; não saber é saber”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 230.