Smartphone como objeto devocional

“Não somos nós que usamos o smartphone, mas o smartphone que nos usa.

A acessibilidade constante não é fundamentalmente diferente da servidão. O smartphone acaba se tornando um campo de trabalho móvel no qual nós mesmos nos aprisionamos voluntariamente.

Cada dominação tem seus próprios objetos devocionais. O teólogo Ernst Troeltsch fala dos “objetos devocionais que capturam a imaginação popular”34. Eles estabilizam a dominação, habituando-a e ancorando-a no corpo. Devoto significa submisso. O smartphone se estabelece como o objeto devocional do regime neoliberal.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 428-434.

Smarthphone

O smartphone tira a realidade do mundo

“Hoje, empunhamos nosso smartphone em todos os lugares e delegamos nossa percepção ao dispositivo. Percebemos a realidade através da tela. A janela digital dilui a realidade em informações que então registramos. Não há contato físico com a realidade. Ela é despojada de sua presença. Não percebemos mais as vibrações materiais da realidade. A percepção é desincorporada. O smartphone tira a realidade do mundo.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 422.

Smarthphone

Pobreza de mundo e experiência

“Os meios digitais superam efetivamente a resistência espaço-temporal. Mas é precisamente a negatividade da resistência que é constitutiva da experiência. A falta de resistência digital, o ambiente smart leva a uma pobreza de mundo e experiência.

Os smartphones quase não se diferenciam entre si em sua aparência. Nós olhamos através dele para a infosfera.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 408-412.

Smarthphone

Novo meio de submissão: smartphone

“O novo meio de submissão é o smartphone. No regime de informação, as pessoas não são mais telespectadoras passivas, que se rendem ao entretenimento. São emissores ativos. Produzem e consomem, de modo permanente, informações. A embriaguez de comunicação que assume, pois, formas viciadas, compulsivas, retém as pessoas em uma nova menoridade. A fórmula da submissão do regime da informação é a seguinte: comunicamo-nos até morrer.

Na era das mídias digitais, a esfera pública discursiva não é ameaçada por formatos de entretenimento das mídias de massa, não pelo infoentretenimento, mas sobretudo pela propagação e proliferação viral de informação, a saber, pela infodemia.

Informações têm um espaço de tempo muito estreito de atualidade. Falta-lhes a estabilidade temporal, pois vivem no “estímulo da surpresa”.

HAN, Byung-Chul. Infocracia: Digitalização e a crise da democracia. Ed. Vozes, 2022, Local 283-295.

Infocracia

 

Smartphone ou Tablet

“Um dos motivos é que, quando o orador olha para a tela, inconscientemente a plateia pensa que a sintonia entre os dois se quebrou. A culpa é das tantas mensagens de texto que não paramos de receber.”

ANDERSON, Chris, Ted Talks: O Guia Oficial do Ted para Falar em Público, Ed. Intrinseca, 2016, Pág. 174.

Capítulo 4 – `NO PALCO: O cenário.