A barulhenta sociedade do cansaço é surda

“A barulhenta sociedade do cansaço é surda. A sociedade do porvir poderia, em contrapartida, ser uma sociedade dos escutadores [Zuhörenden] e escutantes [Lauschenden]. É necessária, hoje, uma revolução temporal, que permita que um tempo inteiramente diferente comece. A crise atual do tempo não é a aceleração, mas a totalização do tempo do si. O tempo do outro se furta à lógica do aumento do desempenho e da eficiência, que produz uma pressão por aceleração.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 1273.

Escutar

Armadura protetora da cidadania

“Na ponta da corda que sofre as pressões individualizantes, os indivíduos estão sendo, gradual mas consistentemente, despidos da armadura protetora da cidadania e expropriados de suas capacidades e interesses de cidadãos. Nessas circunstâncias, a perspectiva de que o indivíduo de jure venha a se tornar algum dia indivíduo de facto (aquele que controla os recursos indispensáveis à genuína autodeterminação) parece cada vez mais remota. O indivíduo de jure não pode se tornar indivíduo de facto sem antes tornar-se cidadão. Não há indivíduos autônomos sem uma sociedade autônoma, e a autonomia da sociedade requer uma autoconstituição deliberada e perpétua, algo que só pode ser uma realização compartilhada de seus membros.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 756-760.

Capítulo 1 | Emancipação

O Compromisso com a teoria crítica na sociedade dos indivíduos

Sociedade hermética

“(…)ao afirmar-se hermética, uma determinada sociedade estava assumindo os elementos traditivos e a antiguidade do próprio Egito, mesmo que ela não fosse nem antiga nem totalmente egípcia. Por essa razão, é muito comum, ao falar de hermetismo, entender essa palavra com a acepção de ocultismo, segredo, secreto, esotérico, velado, fechado, maçônico, teosófico, e daquilo que é confuso aos olhos dos profanos e/ou dos não iniciados.”

TRISMEGISTOS, Hermes. Corpus Hermeticum graecum, São Paulo:Ed. Cultrix, 2023, Pág. 26.

Introdução

Sou livre quando?

“(…) sou livre quando quero ou faço algo que contraria minha so­ciedade, ou sou livre quando domino minha vontade e a obrigo a aceitar o que minha so­ciedade determina? Ou seja, sou livre quando sigo minha vontade ou quando sou capaz de controlá-la?”

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 19.

Introdução: Para que filosofia?

Momentos de crise

Aula Magna

 

A crença na liberdade

“Temos a crença na liberdade, mas somos dominados pelas regras de nossa sociedade. Temos experiência do tempo parado ou do tempo ligeiro, mas o relógio não comprova essa experiência. Temos a percepção ao Sol e das estrelas em movimento à volta da Terra imóvel, mas a astronomia nos ensina o contrário.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14º Edição. São Paulo: Editora Ática. 2020, pág. 19.

Introdução: Para que filosofia?

E se não for bem assim?

Aula Magna

 

Sociedade indiferente

“E assim há também outro obstáculo: como de Tocqueville há muito suspeitava, libertar as pessoas pode torná-las indiferentes. O indivíduo é o pior inimigo do cidadão, sugeriu ele. O “cidadão” é uma pessoa que tende a buscar seu próprio bem-estar através do bem-estar da cidade — enquanto o indivíduo tende a ser morno, cético ou prudente em relação à “causa comum”, ao “bem comum”, à “boa sociedade” ou à “sociedade justa”.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 674.

Capítulo 1 | Emancipação

O indivíduo em combate com o cidadão

A individualização

“A sociedade moderna existe em sua atividade incessante de “individualização”, assim como as atividades dos indivíduos consistem na reformulação e renegociação diárias da rede de entrelaçamentos chamada “sociedade”

E assim o significado da “individualização” muda, assumindo sempre novas formas — à medida que os resultados acumulados de sua história passada solapam as regras herdadas, estabelecem novos preceitos comportamentais e fazem surgir novos prêmios no jogo.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 577-579.

Capítulo 1 | Emancipação

O indivíduo em combate com o cidadão

Não mais a salvação pela sociedade

“Não mais a salvação pela sociedade”, proclamou o apóstolo do novo espírito da empresa, Peter Drucker. “Não existe essa coisa de sociedade”, declarou Margaret Thatcher, mais ostensivamente. Não olhe para trás, ou para cima; olhe para dentro de você mesmo, onde supostamente residem todas as ferramentas necessárias ao aperfeiçoamento da vida — sua astúcia, vontade e poder.

E não há mais “o Grande Irmão à espreita” sua tarefa agora é observar as fileiras crescentes de Grandes Irmãos e Grandes Irmãs e observá-las atenta e avidamente, na esperança de encontrar algo de útil para você mesmo: um exemplo a imitar ou uma palavra de conselho sobre como lidar com seus problemas, que, como os deles, devem ser enfrentados individualmente e só podem ser enfrentados individualmente.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 561-564.

Capítulo 1 | Emancipação

As casualidades e a sorte cambiantes da crítica

O que está errado com a sociedade?

“O que está errado com a sociedade em que vivemos, disse Cornelius Castoriadis, é que ela deixou de se questionar. É um tipo de sociedade que não mais reconhece qualquer alternativa para si mesma e, portanto, sente-se absolvida do dever de examinar, demonstrar, justificar (e que dirá provar) a validade de suas suposições tácitas e declaradas.”

BAUMAN, Zygmunt.Modernidade líquida, Ed. Zahar, Local: 430.

Capítulo 1 | Emancipação

As casualidades e a sorte cambiantes da crítica