“Você tem de formar um conceito claro para si mesmo do que é, em seu verdadeiro significado, a luz astral.
Na gramática grega, a palavra aster significa “estrela”. Em grego hierático, astron é composto do prefixo negativo ae stereon, o estado de estar fixado ou ser sólido. Astron, então, significa sem ponto fixo, errante, portanto luz astral, em seu sentido secreto, é a luz que não está fixa, que é uma luz errante, etérea, evanescente.”
Feche os olhos, evoque uma imagem e a observe. Na escuridão de sua cegueira autoinduzida, verá com um tipo de visão que, embora esteja ao alcance de todos, não é a capacidade comum de ver de que as pessoas dispõem.
Dessa forma, por uma ação muito simples que toda pessoa pode fazer, começaremos a praticar um exercício que, se insistirmos um pouco nele, vai nos dar a ideia de uma luz etérea que é bem diferente da Quando dormimos e sonhamos, as ima gens que vemos estão iluminadas. E, no entanto, não há sol e essa luz não é a luz do sol nem a luz elétrica, é uma luz etérea ou astral.
Os escritores mais recentes chamam-na de inconsciente, mas na terminologia hermética e mágica é o campo astral ou campo escuro, fonte e repositório de toda a nossa consciência. (…) O campo astral, escuro, misterioso, que está dentro de nós mesmos, que está em todo ser humano, existe também na imensa síntese do Universo. Em um homem, é o repositório oculto de sua história; no Universo, é a matriz de todas as vidas que foram vividas, de todas as formas que foram imaginadas, de todos os pensamentos que foram desejados. O campo ou corrente astral universal contém em si todos os campos astrais parciais de todas as pessoas. Portanto, a partir de nosso próprio campo astral podemos penetrar no campo astral universal e daí descer para cada um dos campos astrais singulares.
(…) nós, seres humanos, somos individualidades concretas de matéria vivendo de forma análoga ao Universo, isto é, individualidades em uma relação analógica com o Universo maior. Nos homens, assim como no Universo; se ele é analógico ao homem, tem de haver algum tipo de repositório coloidal, que nos é invisível e imperceptível, onde todas as ideias concretas, as paixões e ações das pessoas, nações e povos são registradas e contidas.
Essa parte invisível do mundo, que contém essa forma de matéria invisível, mas fácil de ser sentida, é a que chamamos de região astral.”
*Os túneis de Orfeu e as cidades subterrâneas ou sacerdotais dos antigos iniciados eram astrais, isto é, sem luz do Sol, e lá os neofitos começavam a aprender as verdades. Encontramos, portanto, com frequência os antigos falando das estrelas e, em vez de olhar para o céu, devemos olhar embabo do solo.
(…)
Assim, a região astral é uma região escura, que está dentro de nós mesmos, onde tudo que é pensado, ouvido, e tudo que vem da experiência de nossos sentidos é registrado.
Força astral é um sinônimo para a força do subconsciente, aura do inconsciente.
Tudo que é liberado de nós e representa um esforço ou uma grande impressão é fixado primeiro no inconsciente que temos como indivíduos e, depois, em suas fases complexas e sintéticas, é fixado no colódio universal. Como existe uma região astral e uma força astral, tem de haver uma matéria astral.
Nas témporas e nos pés de Mercúrio havia asas; em sua mão havia o caduceu, a vara com duas serpentes fazendo amor, uma corrente ativa e uma passiva em torno de um projetor de fluido.
(…)
Faça com que três, quatro ou mais pessoas fechem os olhos externos e abram os olhos intelectuais ou interiores para a percepção deste mundo, que é vislumbrado primeiro e depois visto com um sentido que é uma síntese dos outros cinco; você terá então estabelecido por este relaciona- mento a comunhão da luz que cada um dos observadores percebeu.
A relação entre as vibrações astrais percebidas pelos observadores compõe a corrente astral que, no devido tempo, você deve aprender a dominar.
Essa corrente astral é simbolizada na Bíblia pela serpente, pois ela se arrasta em volta da árvore do bem e do mal, o que significa que os dois aspectos da serpente são o baixo, terreno ou lamacento, que gera ilusões, isto é, mentiras, e a parte superior, que é verdade e luz.”
KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.75-78.
Segunda Parte
Preparação