Transformações e Símbolos

“No ensaio “A Energia Psíquica”, ele fornece uma exposição teórica formal de transformação. Na seção sobre “Canalização da libido”,ele considera alguns gradientes naturais da energia. Um gradiente é um caminho ao longo do qual a energia flui. No estado de natureza – isto é, no estado paradisíaco do modo como o imaginamos – nenhum trabalho como tal é requerido ou realizado.”

“Como acontece isso?Jung não concebe a natureza e a cultura como diametralmente opostas uma à outra. Pelo contrário, considera que ambas pertencem à natureza humana de um modo fundamental. As invenções humanas da cultura e da especialização no trabalho produzem-se mediante a criação pela mente de análogos para as metas e atividades instintivas. Tais análogos funcionam como símbolos. Idéias e imagens – conteúdos mentais -canalizam a libido em novas direções, desviando-a de seus gradientes e objetos naturais.”

“Na vida adulta, o análogo ou símbolo que substitui o seio pode ser uma refeição de gourmet. O pensamento de desfrutar de haute cuisine oferece ao adulto o mesmo tipo de calmante que a imagem do seio farto à criança pequena. Uma ideia ou um objeto cultural capta assim a energia que, de outro modo, permaneceria fixada no seio da mãe.

Um símbolo atrai para si uma grande soma de energia e dá forma aos processos pelos quais a energia psíquica é canalizada e consumida.”

“Os símbolos emergem da base arquetípica da personalidade, o inconsciente coletivo. Não são inventados artificialmente pelo ego mas, pelo contrário, surgem de modo espontâneo do inconsciente, sobretudo em tempos de grande necessidade.

Os símbolos são os grandes organizadores da libido. O uso por Jung do termo símbolo é muito preciso. Um símbolo não é um signo. Os signos podem ser lidos e interpretados sem perda de seu significado. Um signo de parar significa “Pare!” Mas um simbolo é, no entender de Jung, o melhor enunciado ou expressão possível para algo que é ou essencialmente incognoscível ou ainda não cognoscível, dado o presente estado de consciência.”

“Os símbolos franqueiam-nos o caminho de acesso ao mistério. Também combinam elementos de espírito e instintividade, de imagem e pulsão.”

“Para Jung, o símbolo reveste-se de tanta importância por causa de sua capacidade para transformar a energia natural em formas culturais e espirituais.”

“A cultura é uma realização de desejo, não a sua obstrução. Jung está convencido de que a natureza do ser humano conduz à formação de cultura, à criação de símbolos, ao controle de energia de modo que o seu fluxo possa ser dirigido para esses conteúdos espirituais e mentais.”

Stein, Murray. Jung, O Mapa da Alma – Uma introdução. Ed. Cultrix, 2020, Local Kindle 2062-2144.

3.Energia Psíquica (Transformações e Símbolos)

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