“O que não é dito na ilustração, mas está contido no texto para quem ler o livro todo, é que tudo somado forma uma descrição da pedra filosofal, o trabalho alquímico. É dito que um constitui o primeiro estágio do trabalho alquímico e, ao se adicionar a ele o segundo, faz-se a pedra filosofal, pois o conflito vital tornou-se consciente. Esse é o estágio posterior do trabalho. Quando já nos relacionamos com o inconsciente, sobrevém o problema cada vez mais delicado de como manter a relação correta, em vez de cair na unilateralidade. Mesmo pessoas que fizeram uma longa análise junguiana tendem a codificar seu processo de individuação. Embora tivessem tremendas experiências e reações propícias à vida, se permanecem nesse nível e codificam o que experimentaram – por exemplo, pregando simplesmente suas próprias experiências a outros, então não se desenvolvem. Isso acontece porque todos os fenômenos conscientes se esgotam.
Por essa razão, o conflito é eterno e deve ser mantido; a unilateralidade da consciência deve ser confrontada continuamente com o paradoxo. Isso significa que, sempre que uma verdade foi experimentada como tal e foi mantida viva por algum tempo na própria psique da pessoa, ela tem de passar para o lado oposto, pois deixou de ser válida. Como diz Jung, toda verdade psicológica é só meia verdade, e isso também é uma meia verdade! O próprio analista também tem de se defrontar com o seu inconsciente, estar conscientemente pronto para abandonar tudo o que foi alcançado até então, o que corresponderia a uma constante atitude dupla.”
VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 247-248.
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