“Talvez um dos maiores eventos históricos da Antiguidade tenha sido o fato de que, na filosofia natural grega, a filosofia pré-socrática, homens como Demócrito, Heráclito, Tales de Mileto, Anaxímenes e Anaximandro especularam sobre teorias acerca da natureza e foram os criadores de termos técnicos tais como “tempo”, “espaço”, “átomo”, “matéria” e “energia”.
Todos esses conceitos básicos da física moderna remontam, como se sabe, à filosofia grega, pois os gregos foram os criadores desses conceitos em seu significado científico natural e específico, embora não realizassem muitos experimentos com matéria. Eles tinham poucos laboratórios, ou nenhum, e a maioria de suas teorias sobre a natureza resultou da intuição especulativa, embora usassem, às vezes, exemplos práticos para explicar o que pretendiam dizer.
Os gregos nunca pensaram em provar ou demonstrar tais coisas pela experimentação, como é o procedimento comum dos cientistas atuais; se temos esse modelo especulativo, tentamos prová-lo num experimento prático, mostrando que ele se ajusta ou não aos fatos. Isso os gregos não fizeram. Mas então o pensamento grego naturalmente e, lamentavelmente numa fase muito diluída – conheceu as ciências secretas egípcias, que consistiam inteiramente numa antiquíssima tradição artesanal e prática sobre o comportamento da matéria. Os egípcios sabiam muito pelo ângulo prático. Sabiam como fabricar o esmalte e a tinta invisível, e toda espécie de complicadas ligas e, quando esses dois mundos se encontraram, no Egito ptolomaico, esse fato foi imensamente fecundo para ambos, pois o que na tradição egipcia consistia em receitas e pensamento religioso conjugava-se agora com o acurado pensamento científico dos gregos.
Chamaríamos a isso o momento do nascimento da alquimia, quando os modelos de pensamento da filosofia grega convergiram com as práticas experimentais das tradições egípcias.”
VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia, Uma introdução ao simbolismo e seu significado na psicologia de Carl G. Jung, Ed. Cultrix 2022, Pág 135-137.
3a Palestra | Alquimia Grega