Essas figuras são seres humanos com forma de animais, ou animais em forma de seres humanos; não são o que hoje em dia chamaríamos de animais.

Os antropólogos discutem se os animais estão disfarçados em seres humanos, ou os seres humanos dis- farçados em animais. Mas para mim isto é uma besteira. Eles são o que são! São animais e seres humanos; nenhum primitivo iria se questionar sobre isso, não há contradição. Do nosso ponto de vista eles são animais simbólicos, pois fazemos uma outra distinção: nós consideramos que o animal é o portador da projeção de fatores psíquicos humanos. Enquanto houver uma identidade arcaica e enquanto não se levar em conta a projeção, o animal e o que se projeta nele são idênticos; eles são uma e a mesma coisa. Consideram-se bonitas aquelas histórias de animais que representam as tendências humanas arquetípicas. Eles são humanos porque naturalmente não representam os verdadeiros instintos dos animais, mas nossos instintos animais e, nesse sentido, eles são de fato antropomórficos. Digamos, por exemplo, que o tigre numa história represente a avidez; não é a avidez real do tigre que é representada, mas a nossa própria avidez de tigre. É quando nos tornamos tão ávidos quanto os tigres, que sonhamos com um tigre. Trata-se então de um tigre antropomórfico. Tais histórias com animais são extremamente frequentes, e há muitos pesquisadores que afirmam que elas são o tipo mais antigo de história mitológica. Estou muito tentada a acreditar que as formas mais antigas e básicas de contos arquetípicos têm esse molde-história sobre seres animais antropoides onde a raposa fala com ratos, e o coelho com o gato.”

FRANZ, Marie-Louise von. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo: Paulus, 2022, pág. 54.

2.Contos de fada, mitos e outras histórias arquetípicas

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