Há compromisso entre todos os habitantes equilibrados da colônia, no sentido de não se emitirem pensamentos contrários ao bem. Dessarte, o esforço da maioria se transforma numa prece quase perene. Daí nascem as vibrações de paz que observamos.

Lísias se aproximou de pequeno aparelho postado na sala, à maneira de nossos receptores radiofônicos. Aguçou-se-me a curiosidade. Que iríamos ouvir? Mensagens da Terra? Vindo ao encontro de minhas interrogações íntimas, o amigo esclareceu:

— Não ouviremos vozes do planeta.
Nossas transmissões baseiam-se em forças vibratórias mais sutis que as da esfera da crosta.

No início da colônia, todas as moradias, ao que sabemos, ligavam-se com os núcleos de evolução terrestre. Ninguém suportava a ausência de notícias da parentela comum. Do Ministério da Regeneração ao da Elevação, vivia-se em constante guerra nervosa. Boatos assustadores perturbavam as atividades em geral. Mas, precisamente há dois séculos, um dos generosos ministros da União Divina compeliu a Governadoria a melhorar a situação. O ex-governador era talvez demasiadamente tolerante. A bondade desviada provoca indisciplinas e quedas.

Os desastres coletivos no mundo, quando interessassem algumas entidades em Nosso Lar, eram aqui verdadeiras calamidades públicas. Segundo nosso arquivo, a cidade era mais
um departamento do Umbral que propriamente zona de refazimento e instrução. Amparado pela União Divina, o governador proibiu
o intercâmbio generalizado. Houve luta. Mas o ministro generoso,
que incrementou a medida, valeu-se do ensinamento de
Jesus que manda os mortos enterrarem seus mortos,
e a inovação se tornou vitoriosa em pouco tempo.

Para esse fim, temos o Ministério da Comunicação.
Acresce notar que, da esfera superior, é possível
descer à inferior com mais facilidade. Existem, contudo, certas leis que mandam compreender devidamente
os que se encontram nas zonas mais baixas.
É tão importante saber falar como saber ouvir.
Nosso Lar vivia em perturbações porque, não sabendo ouvir,
não podia auxiliar com êxito e a colônia transformava-se, frequentemente, em campo de confusão.

XAVIER, Francisco Cândido / André Luiz. Nosso Lar. 1. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1944. Edição Kindle.

CAPÍTULO 23 | SABER OUVIR

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