Alquimia

“Com efeito, a grande intimidade de relação entre Deus e a alma exclui automaticamente toda depreciação desta última. Sem dúvida, falar de afinidade é um exagero; mas de qualquer modo a alma deve possuir em si mesma uma faculdade de relação, isto é, uma correspondência com a essência de Deus; se não, como seria possível o estabelecimento de uma relação? Essa correspondência em termos psicológicos é o arquétipo da imagem de Deus.”

ALQUIMIA — Química arcaica que precedeu a química experimental e onde se mesclavam especulações gerais, figuradas e intuitivas, parcialmente religiosas, a respeito da natureza e do homem. Na matéria desconhecida eram projetados numerosos símbolos que hoje reconhecemos como conteúdos do inconsciente. O alquimista procurava “o segredo de Deus” na matéria desconhecida e se empenhava em preocupações e caminhos semelhantes aos da psicologia moderna do inconsciente. Esta última acha-se também confrontada com um fenômeno objetivo desconhecido: o inconsciente.

A imagem simbólica e o paradoxo são típicos da linguagem dos alquimistas. Ambos correspondem à natureza inapreensível da vida e da psique inconsciente. Por esse motivo, por exemplo, afirma-se que a pedra não é uma pedra (isto é, ela representa ao mesmo tempo um conceito espiritual e religioso) ou que o Mercúrio alquimista, o espírito da matéria, é evasivo, fugidio (…)

 

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 7331-7345.

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