(…) prometeu o governador a realização do culto evangélico no Ministério da Regeneração. O objetivo essencial da medida, esclareceu Narcisa, SERIA A PREPARAÇÃO DE NOVAS ESCOLAS DE ASSISTÊNCIA NO AUXÍLIO E NÚCLEOS DE ADESTRAMENTO NA REGENERAÇÃO.

— Precisamos organizar — dizia ela — determinados elementos para o serviço hospitalar urgente, embora o conflito se tenha manifestado tão longe, bem como exercícios adequados contra o medo.

— Talvez estranhe, como acontece a muita gente, A ELEVADA PORCENTAGEM DE EXISTÊNCIAS HUMANAS ESTRANGULADAS SIMPLESMENTE PELAS VIBRAÇÕES DESTRUTIVAS DO TERROR, que é tão contagioso como qualquer moléstia de perigosa propagação. CLASSIFICAMOS O MEDO COMO DOS PIORES INIMIGOS DA CRIATURA, POR ALOJAR-SE NA CIDADELA DA ALMA, ATACANDO AS FORÇAS MAIS PROFUNDAS.

A Governadoria, nas atuais emergências, coloca o treinamento contra o medo muito acima das próprias lições de enfermagem.
A calma é garantia do êxito.

Experimentava, então, ansiedade justa. Ia ver, pela primeira vez, a meu lado, o nobre condutor que merecia a veneração geral.

Tive a impressão de que toda a vida social do nosso Ministério convergiu para o grande salão natural, desde o raiar de domingo, quando verdadeiras caravanas de todos os departamentos regeneradores chegavam ao local. O Grande Coro do Templo da Governadoria, aliando-se aos meninos cantores das escolas do Esclarecimento, iniciou a festividade com o maravilhoso hino intitulado “Sempre contigo, Senhor Jesus”,
cantado por duas mil vozes ao mesmo tempo.
Outras melodias de beleza singular encheram a amplidão.
O murmúrio doce do vento, canalizado em vagas de perfume, parecia responder às harmonias suaves.

Nunca esquecerei o vulto nobre e imponente daquele ancião de cabelos de neve, que parecia estampar na fisionomia, ao mesmo tempo, a sabedoria do velho e a energia do moço; a ternura do santo e a serenidade do administrador consciencioso e justo. Alto, magro, envergando uma túnica muito alva, olhos penetrantes e maravilhosamente lúcidos, apoiava-se num bordão, embora caminhasse com aprumo juvenil.

O velhinho enérgico e amorável passeou o olhar pela assembleia compacta, constituída de milhares de assistentes. Em seguida, abriu um livro luminoso que o companheiro me informou ser o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

— E ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. — Palavras do Mestre em Mateus, capítulo 24, versículo 6.

Não me dirijo, pois, neste momento, aos nossos irmãos cujas mentes já funcionam em zonas mais altas da vida, mas a vós outros, que trazeis nas sandálias da recordação os sinais da poeira do mundo, para exalçar a tarefa gigantesca. Nosso Lar precisa de trinta mil servidores adestrados no serviço defensivo, trinta mil trabalhadores que não meçam necessidade de repouso, nem conveniências pessoais, enquanto perdurar nossa batalha com as forças desencadeadas do crime e da ignorância. Haverá serviço para todos, nas regiões de limite vibratório, entre nós e os planos inferiores, porque não podemos esperar o adversário
em nossa morada espiritual.

Nas organizações coletivas, é forçoso considerar a medicina preventiva como medida primordial na preservação da paz interna. Somos, em Nosso Lar, mais de um milhão de criaturas devotadas aos desígnios superiores e ao melhoramento moral de nós mesmos. Seria caridade permitir a invasão de vários milhões de Espíritos desordeiros? Não podemos, portanto, hesitar no que se refere à defesa do bem.

Sei que muitos de vós recordais, neste instante, o grande Crucificado. Sim, Jesus entregou-se à turba de amotinados e criminosos, por amor à redenção de todos nós, mas não entregou o mundo à desordem e ao aniquilamento. Todos devemos estar prontos para o sacrifício individual, mas não podemos entregar nossa morada aos malfeitores.

Lógico que a nossa tarefa essencial é de confraternização e paz, de amor e alívio aos que sofrem; claro que interpretaremos todo mal como desperdício de energia, e todo crime como enfermidade da alma; entretanto, Nosso Lar é um patrimônio divino, que precisamos defender com todas as energias do coração. QUEM NÃO SABE PRESERVAR NÃO É DIGNO DE USUFRUIR.

O governador desceu da tribuna sob vibrações de imensa esperança e foi então que brisas cariciosas começaram a soprar sobre as árvores, trazendo, talvez de muito longe, pétalas de rosas diferentes, em maravilhoso azul, que se desfaziam, de leve, ao tocar nossas frontes, enchendo-nos o coração de intenso júbilo.

XAVIER, Francisco Cândido / André Luiz. Nosso Lar. 1. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1944. Edição Kindle.

CAPÍTULO 42 | A PALAVRA DO GOVERNADOR

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Gostei e vejo sentido em compartlhar essa ideiA

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