A mandala é uma imagem arquetípica

“A mandala é uma imagem arquetípica cuja existência é verificável através de séculos e milênios. Designa a totalidade do si mesmo, ou ilustra a totalidade dos fundamentos da alma — no sentido mítico, a manifestação da divindade encarnada no homem.

À medida que o tratamento analítico torna a “sombra” consciente, cria uma cisão e uma tensão entre os opostos, os quais, por sua vez, procuram equilibrar-se numa unidade. A ligação se processará mediante símbolos. A confrontação entre os opostos chega ao limite do suportável quando é levada a sério ou quando se é levado a sério pelos opostos. O tertium non datur (não há um terceiro termo) da lógica se confirma: é impossível entrever uma terceira solução.

Entretanto, quando tudo se processa de modo satisfatório, esta terceira solução se apresenta de maneira espontânea, naturalmente. É então — e somente então — convincente, sentida como aquilo que se chama “graça”. A solução que nasce da confrontação e da luta dos opostos é, na maioria das vezes, constituída por uma mistura inextricável de dados conscientes e inconscientes, e é por isso que se pode considerá-la um “símbolo” (uma moeda cortada em duas, cujas metades se encaixam perfeitamente). Esta solução representa o resultado da cooperação entre o consciente e o inconsciente; representa uma analogia com a imagem de Deus, sob forma de mandala, que é indubitavelmente o esquema mais simples de uma representação da totalidade, oferecendo-se espontaneamente à imaginação para figurar os opostos, sua luta e conciliação em nós. A confrontação que é, inicialmente, de natureza puramente pessoal, logo é acompanhada pela intuição e pelo conhecimento de que a tensão subjetiva entre os opostos é, no todo, um caso particular das tensões conflitantes do mundo.”

 

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 6003-6008.

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