A união dos contrários

“O espírito de uma época está em movimento incessante. É como um rio que corre, de maneira invisível mas constante; e, dado o ritmo de vida do nosso século, até mesmo o espaço de dez anos é um tempo bastante longo.

O pintor francês Alfred Manessier definiu os objetivos da sua arte nas seguintes palavras:

O que temos de reconquistar é o peso da realidade perdida. Precisamos fazer para nós mesmos um novo coração, um novo espírito, uma nova alma, na medida exata do homem. A verdadeira realidade do pintor não está nem na abstração nem no realismo, mas na recu peração do seu peso como ser humano. Atualmente, a arte não figurativa parece-me oferecer ao pintor a única oportunidade de abordar sua realidade interior e de tomar consciência do seu eu essencial ou mesmo do seu ser. Só reconquistando essa posição, creio eu, é que o pintor será capaz, em tempos vindouros, de voltar lentamente a ele mesmo, de redescobrir seu próprio peso e de fortalecê-lo de tal maneira que possa chegar a alcançar a realidade exterior do mundo.

(…)

É uma grande tentação para o pintor de hoje pintar o próprio ritmo do seu sentimento, o pulsar mais secreto do seu coração, em lugar de incorporá-los a uma forma concreta. Isso, porém, leva apenas a uma matemática dessecada ou a uma espécie de expressionismo abstrato, que termina em monotonia e em um progressivo empobrecimento da forma… Mas uma forma que consegue reconciliar o homem com o seu ambiente é uma “arte de comunhão”, através da qual, a qualquer momento, ele poderá reconhecer no mundo o seu próprio semblante informe.”

 

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 363-365.

IV O simbolismo nas artes plásticas

Aniela Jaffé

Gostei e vejo sentido em compartlhar essa ideiA

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