“Desde sempre as alucinações complexas dos visionários tiveram um lugar especial na crítica científica. Assim, por exemplo, já Macário separa as alucinações ditas intuitivas das demais e diz que aquelasse manifestam em indivíduos de espírito vivaz, compreensão profun da e de excitabilidade nervosa bem elevada. De modo semelhante, mas com maior entusiasmo ainda, manifesta-se Hecker. Supõe ele que o fator condicionante delas seja “o grande desenvolvimento congênito do órgão da psique que, através de atividade original, chama a vida própria da fantasia para um jogo ágil e livre”. Estas alucinações são “precursores ou também sinais de uma poderosa força de espírito”. A visão é por assim dizer “uma excitação maior que se adapta harmonicamente à mais perfeita saúde da mente e do corpo”. As alucinações complexas não pertencem ao estado de vigília, mas ocorrem normalmente num estado parcial de vigília: o visionário mergulha de tal forma em sua visão até chegar à completa absorção. Durante as visões de H.S., também Flournoy pôde constatar sempre “um certo grau de obnubilação”.”
JUNG, C.G. Estudos Psiquiatricos. OC, vol.1. Petrópolis: Vozes. 2013.
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