Relação entre metalurgia e alquimia

“Deleuze escreve: “A relação entre metalurgia e alquimia não se baseia, como acreditava Jung, no valor simbólico do metal e sua correspondência com uma alma orgânica, mas na força imanente da corporeidade em toda a matéria e no espírito de corpo que a acompanha”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1562.

Um excurso sobre o Jukebox

A digitalização destrói as memórias

“Sim, as coisas tornam o tempo tangível, enquanto os rituais o tornam transitável. O papel amarelado e seu cheiro me aquecem o coração. A digitalização destrói as memórias e os toques.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1555.

Um excurso sobre o Jukebox

Onde tudo se torna calculável, a sorte desaparece

“Onde tudo se torna calculável, a sorte desaparece. A sorte é um evento que ilude todos os cálculos. Existe uma conexão íntima entre feitiçaria e sorte. A vida calculável e otimizada é sem magia, ou seja, sem sorte.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1547.

Um excurso sobre o Jukebox

Jukebox

“Quando estou na frente do jukebox ou toco o piano de cauda, penso para comigo mesmo: para a felicidade, precisamos de uma contraparte imponente que se sobreponha a nós. A digitalização elimina todas as contrapartidas, todas as oposições. Como resultado, perdemos o sentimento pelo que nos sustém, pelo que nos sobrepõe, pelo que nos eleva em geral.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1464.

Um excurso sobre o Jukebox

O vazio

“O vazio não significa que não haja nada na sala. Ele é uma intensidade, uma presença intensiva. É uma manifestação espacial de silêncio. Vazio e silêncio são irmãos. O silêncio também não significa que nenhum som possa ser ouvido. Alguns sons podem até enfatizá-lo. O silêncio é uma forma intensiva de atenção.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1442.

Um excurso sobre o Jukebox

Potência positiva e potência negativa

“Duas formas de potência devem ser distinguidas. A potência positiva consiste em fazer algo. A potência negativa é a capacidade de não fazer nada. Entretanto, não é idêntica à incapacidade de fazer algo. Ela não é uma negação da potência positiva, mas uma potência independente. Ele capacita o espírito a demorar-se silenciosa e contemplativamente, ou seja, a atenção profunda. Na ausência de potência negativa, caímos em uma hiperatividade destrutiva. Afundamo-nos no ruído. Somente o fortalecimento da potência negativa pode restaurar o silêncio. Mas a compulsão predominante para a comunicação, que se revela uma compulsão para produzir, destrói conscientemente a potência negativa.

Eu não sou o senhor de mim mesmo, do meu nome. Sou um convidado em minha casa, sou apenas o inquilino do meu nome.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1363-1370.

Silêncio

As informações nos roubam o silêncio

“As informações nos roubam o silêncio, impondo-se sobre nós e exigindo nossa atenção. O silêncio é um fenômeno de atenção. Somente uma atenção profunda produz silêncio. As informações, porém, fragmentam a atenção.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1355.

Silêncio

A alma não reza mais

“Somente o silêncio, a imaginação, abre profundos espaços internos de desejo à subjetividade: “A subjetividade absoluta só pode ser alcançada em estado de silêncio, o esforço para alcançar o silêncio (fechar os olhos significa fazer a imagem falar no silêncio).

O desastre da comunicação digital decorre do fato de que não temos tempo para fechar os olhos. Os olhos são forçados a uma “voracidade constante”. Eles perdem o silêncio, a atenção profunda. A alma não reza mais.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1328-1331.

Silêncio

Indisponibilidade

“O silêncio tem início a partir da indisponibilidade. A indisponibilidade estabiliza e aprofunda a atenção, suscita o olhar contemplativo. Ele tem a paciência para o largo e o lento. Onde tudo está disponível e alcançável, nenhuma atenção profunda é formada. O olhar não se detém. Ele vagueia como o de um caçador. Para Nicolas Malebranche, a atenção é a oração natural da alma. A alma não reza mais hoje em dia. Ela se produz. A comunicação extensiva dispersa a alma.

A contemplação, no entanto, se opõe à produção. A compulsão de produzir e comunicar destrói a imersão contemplativa.

(…)a verdade de uma fotografia é revelada no silêncio, no fechar dos olhos.”

HAN, Byung-Chul. Não coisas: Reviravoltas do mundo da vida. Ed. Vozes, 2021, Local 1315-1323.

Silêncio