“Esses contos ressaltam de maneira bastante clara uma diferença importante entre a anima e o animus. O homem, nas suas qualidades primitivas de caçador e guerreiro, é levado a matar, e é como se o animus, sendo masculino, carregasse essa propensão. A mulher, por outro lado, está a serviço da vida e a anima liga o homem à vida.
Nos contos onde existe a figura da anima, esta raramente aparece sob um aspecto inteiramente mortal; pois ela é, acima de tudo, o arquétipo da vida para o homem. O animus na sua forma negativa parece ser o oposto. Ele retira a mulher da existência e mata a vida que existe nela. Está ligado a espectros e ao mundo da morte.
(…)
Este é o efeito desastroso que o animus negativo pode ter sobre uma mulher: ela se sente torturada, sepa rada e tolhida de toda participação da vida e incapaz de continuar a existir.”
FRANZ, Marie-Louise von. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo: Paulus, 2022, pág.204-205.
7. Sombra, anima e animus nos contos de fada