“Paracelso sustentava que a matéria era uma contra-parte viva da divindade criadora. Nisso ele era um dualista, pois não compartilhava da opinião dogmática oficial de que Deus criara a matéria da maneira como diz o Gênesis. Ele acreditava que a matéria era incriada.”
“(…) a matéria é uma contraparte viva e feminina do criador espiritual, uma divindade, e não algo que Ele produziu e moldou de acordo com Sua vontade.*
Dorn*
(…) ele passa a falar do opus, a obra alquímica.
A obra é realizada por meio de disposição e de “influência” [as aspas são minhas). A primeira imprime-se nessa natureza e, corrompendo a matéria, a deixa num estado que lhe permite receber forma. A forma propriamente dita consiste na influência da região etérea sobre o mundo dos elementos.
Aí ele se repete, e vocês podem perceber o que ele pensa. Ele acredita (como aconteceu na origem do mundo, tal como é descrita no Gênesis bíblico) que Deus, sendo também uma influência espiritual etérca, semeou o sêmen da forma no princípio vivo da matéria. Desse modo, num trabalho alquímico dever-se-ia repetir isto. Portanto, ele diz que se deve, em primeiro lugar, putrefazer ou corromper a grosseira coisa material. Se você quer, por exemplo, transformar metais, deve inicialmente dissolver o minério de ferro e/ou até mesmo cozê-lo, isto é, destruir seu aspecto exterior grosseiro, de maneira que ele retorne ao seu estado original, no qual possa receber a influência divina que vem das regiões celestes e que ainda é poderosa. Deve-se, de certa forma, corromper, ou dissolver, um pedaço de metal por exemplo, após o que a constelação astrológica vai influenciá-lo, e então será como uma repetição da cosmogonia, podendo-se novamente levar adiante a transformação.”
VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e a Imaginação ativa: estudos integrativos sobre imagens do inconsciente, sua personificação e cura. Ed. São Paulo: Cultrix, 2022. Pág.69-71.
1. Palestra
Origens da Alquimia: Tradições extrovertidas e introvertidas.