O sonho da casa

“Por causa desse sonho pensei, pela primeira vez, na existência de um a priori coletivo da psique pessoal, a priori que considerei primeiramente como sendo os vestígios funcionais anteriores. Só mais tarde, quando minhas experiências se multiplicaram e meu saber se consolidou, reconheci que esses modos funcionais eram formas do instinto: os arquétipos. Nunca pude concordar com Freud que o sonho é uma “fachada” atrás da qual seu significado se dissimula, significado já existente, mas que se oculta quase que maliciosamente à consciência. Para mim, os sonhos são natureza, e não encerram a menor intenção de enganar; dizem o que podem dizer e tão bem quanto o podem como faz uma planta que nasce ou um animal que procura pasto.

Nota pessoal: Sonho da casa com diferentes andaded de diferentes eras.

O sonho da casa teve um curioso efeito sobre mim: despertou meu antigo interesse pela arqueologia. Voltando a Zurique, li um livro sobre as escavações na Babilônia e diversas obras sobre os mitos. O acaso me conduziu ao Simbolismo e mitologia dos povos antigos, de Friedrich Creuzer,8 e esse livro me entusiasmou. Li-o como que num transporte; levado por um interesse ardente, estudei um amontoado de materiais mitológicos e gnósticos, para enfim chegar a uma desorientação total.”

 

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 3017-3028.

Sigmund Freud

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