Pinturas paleolíticas

“As pinturas paleolíticas das cavernas consistem quase inteiramente de figuras de animais cujos movimentos e posturas foram observados na natureza e reproduzidos com grande habilidade artística. Há, no entanto, muitos detalhes que mostram ter havido a intenção de fazer das figuras mais do que simples reproduções. Segundo Kühn:”O curioso é que um bom número de pinturas foi utilizado como alvo. Em Montespan há um cavalo sendo impelido para uma armadilha; está crivado de marcas de projéteis. Um urso de argila, na mesma caverna, apresenta 42 orifícios.”

Essas imagens sugerem uma espécie de magia, como a praticada hoje pelas tribos de caçadores da África. O animal pintado tem a função de um dublê, isto é, de um substituto. Com o seu massacre simbólico, os caçadores antecipam e asseguram a morte do animal verdadeiro. É uma forma de “simpatia”, baseada na “veracidade” atribuída ao substituto: o que acontece com a pintura deve acontecer com o original. A explicação psicológica subjacente é uma forte identificação entre o ser vivo e sua imagem, que é considerada a alma daquele ser. (Essa é uma das razões por que um grande número de pessoas de povos primitivos, hoje em dia, evita ser fotografada.)

(…) as reproduções realistas dos animais eram enriquecidas por elementos de magia e ganhavam significação simbólica: tornavam-se a imagem da essência viva do animal.

A função simbólica da máscara é a mesma do disfarce completo do animal original. A expressão do indivíduo humano desaparece, mas em seu lugar o portador da máscara adquire a dignidade e a beleza (e também a expressão aterradora) de um demônio animal. Em termos psicológicos, a máscara transforma o seu portador em uma imagem arquetípica.”

 

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 316-317.

IV O simbolismo nas artes plásticas

Aniela Jaffé

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