“O caminho leva a Hombrechtikon, um nome que lhe lembra seu projeto secreto de sair de casa (Hom = casa, brechen = brecha, rompimento)
(…) O bosque é simbolo de uma área inconsciente, um lugar escuro onde vivem os animais.
Todos esses animais apresentam apenas traços rudimentares e, mesmo assim, absurdamente misturados. Na alquimia, a “matéria-prima” era muitas vezes repre sentada por esse tipo de criaturas híbridas formas misturadas de vários animais. Em termos psicológicos, simbolizam provavelmente a totalidade original do ins consciente, de onde o ego individual pode emergir e começar a desenvolver-se até a maturidade.
Sou grumete de um veleiro. Paradoxalmente, as velas estão desfraldadas, apesar de haver uma completa calmaria. Minha tarefa consiste em segurar uma corda que fica um mastro. Estranhamente, a amurada do barco é uma parede recoberta de lajes de pedra. Toda essa estrutura fica exatamente no limite entre a água e o barco, que flutua sozinho. Agarro-me à corda (e não ao mastro) e proíbem-me de olhar a água.
Nesse sonho, Henry encontra-se numa situação psicológica extrema. A amurada é uma parede que o protege mas ao mesmo tempo lhe impede a visão. Está proibido de olhar a água (on (onde pode descobrir forças ocultas). Todas essas imagens revelam suas dúvidas e seu medo.
O homem que teme entrar em contato com suas profundezas interiores (como Henry) tem tanto medo do elemento feminino que há dentro dele quanto de mulheres reais. Ao mesmo tempo que o fascinam, ele tenta fugir delas, enfeitiçado e aterrorizado, escapa para não se tornar sua “presa”. Não ousa aproximar-se da companheira amada (e portanto idealizada por ele) com a sua sexualidade animal.”
JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 383-385.
V Símbolos em uma análise individual
Jolande Jacobi